O Prof. Michel Maffesoli (14/11/1944), doutor em Sociologia da Universidade de Paris, autor de vários livros, respeitadíssimo na Europa, lançou a ideia de que os seres humanos teriam de viver em pequenas tribos (pequenos grupos sociais) ao invés de viverem em sociedades massivas – a filosofia do tribalismo.
Neste tipo de sociedade, ele supõe que haverá um retorno aos hábitos e culturas primitivos, e por ser uma sociedade menor a tendência é que haja mais lealdade à tribo na maneira comportamental e pensar.
Seus membros teriam mais gosto pelo belo (hedonismo grego?), aproveitariam os prazeres dos momentos e despreocupariam dos problemas.
O tribalismo se fortaleceu a partir de 1960, dando mais valor à pequena sociedade do que aos yuppies (abreviatura de Jovens profissionais urbanos) dos anos 80, de alto e médio valor aquisitivo, que valorizavam mais sua profissão, seus luxuosos carros, seus bens, seus status sociais, suas roupas, seus cabelos, enfim eram vaidosos e ególatras, eram a Geração da Brilhantina.
Dizem que essa classe foi uma consequência do crescimento do capitalismo e diminuição dos impostos nos EUA e Reino Unido. Não devem ser confundidos com os hippies que eram contrariamente, despojados de suas aparências, de si mesmos, focavam mais nas questões sociais e foram anteriores aos yuppies.
Transcrevo aqui as palavras de um articulista sobre os “yuppies” para servir de alerta aos remanescentes ultramodernos:
(Os yuppies) “Tendem a valorizar bens materiais – especialmente objetos de última moda. Particularmente isto se aplica a investimento em bolsas de valores, automóveis importados (ou mais novos e mais luxuosos), inovações para residência (troca de móveis mais modernos), aparatos tecnológicos, tele móveis, telefones celulares mais sofisticados, computadores portáteis (notebooks), etc. Porém, a perseguição em ritmo intenso destes bens materiais tem muitas vezes consequências indesejadas.
Quase sempre com pressa, buscam itens e serviços de conveniência. A escassez excessiva de tempo pode prejudicar suas relações familiares. A busca pela manutenção de seu estilo de vida pode significar ‘stress’ e exaustão mental”.
“Podem ter de mudar frequentemente de residência por razões de trabalho, às vezes resultando disto mais tensões familiares. Este estilo de vida agitado em demasia recebeu a denominação em inglês de “rat race” – mais ou menos, corrida insana”.
“Altamente influenciados por um ambiente competitivo nas corporações, eles frequentemente valorizam aqueles comportamentos que descobriram serem úteis para galgar postos mais altos e, por consequência, maior renda e status. Frequentemente levam seus valores corporativos para o lar, para as esposas e filhos”.
“De acordo com o estereótipo, existe um certo ar de informalidade entre eles como jogar golf, tênis, almoçar em casas de ‘sushi’ e restaurantes sofisticados, tomar coquetéis, drinks e sucos com aparências multicoloridas e bem enfeitados.
“Alguns passam por uma crise de meia idade – um estado de desilusão experimentado em todos os grupos socioeconômicos, ocorrendo por volta dos 40 anos de idade e atingido quando a pessoa se dá conta de que não é mais tão jovem, passando a pensar no que fez com a própria vida. É… um processo de reflexão e auto atualização que pode continuar até o final da vida. Alguns… podem achar que seu estilo de vida falhou em lhes fornecer um significado para a sua própria vida…”
Essa autoestima exacerbada leva a uma competição na qual os menos capitalizados concorrem devido ao status social, à oferta do mercado e à facilitação para adquirir bens, e muitas vezes, empolgados pela propaganda os adquirentes vão além de sua capacidade orçamentária. Como os yuppies trabalham mais, reservam menos tempo para a família. O resultado é mais estresse, mais problemas familiares, mais divórcios, mais juvenis e jovens procurando nos “amigos” a atenção que não recebem no lar.
O celular toma tempo, mas não aquece o coração. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam…” “Os filhos são herança do Senhor” (Sl. 127:1,3). Somos responsáveis pela sua educação, inclusive moral. Filhos bem educados, úteis à sociedade dignificam os pais e exaltam o nome de Deus.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.