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Vontade

O Dicionarista Aurélio Buarque de H. Ferreira define vontade como “faculdade de representar mentalmente um ato, que pode ou não, ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão. Sentimento que incita alguém a atingir um fim proposto por esta faculdade”.

Os sofistas, do séc. 5 a. C. ensinavam que se podia conhecer a verdade por meio dos discursos persuasivos, elaborados por sua sofia.

Segundo Sócrates (séc. 4 a.C.) a verdade só podia ser encontrada no conhecimento do seu eu, e só esse saber conduziria à prática das verdadeiras virtudes. Ignorá-lo leva a agir erroneamente, daí a preocupação do filósofo a disseminar o autoconhecimento.

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Para Platão (séc. 4 a.C.), defensor do inatismo, a verdade é inata, com a verdade suprema, já adquirida pelas pessoas, na sua origem, no mundo das ideias. O humano inato, também possuía a capacidade para distinguir o conhecimento inferior do divino, o enganoso do verdadeiro, o sensível do inteligível.

Para Aristóteles, também do séc. 4, discípulo de Platão, “a vontade é a plena autonomia da razão sobre o desejo”. Vontade é uma decisão deliberada e representa a ação vigorosa da mente sobre o corpo” (Wikipédia). Para ele, a vontade é soberana sobre o corpo, domina sobre seus desejos, inclinações e apetites.

A vontade, definida por Aristóteles, é imperativa, um movimento da faculdade desiderativa, que “movimenta o corpo do animal em direção ao objeto desejado”. Tal faculdade é irracional, embora dialogue com a razão”. Wikipédia

O Prof. Carlos Lopes de Matos, doutor em filosofia pela Universidade de Louvain, no seu “Vocabulário Filosófico” diz que a vontade é a faculdade pela qual tendemos conscientemente a um objeto, e qualifica o caráter. O Dr. Carlos coloca “apetite racional” como sinônimo de vontade.

Prof. Lopes se aproxima mais de Marquês de Condorcet e de Rousseau, do século 18, do que de Schopenhauer e Nietzsche, ambos do século 19. Estes, dizem ser a vontade, uma força cega, insaciável e incontrolável, um princípio fundamental da natureza. Enquanto para Rousseau, Condorcet e Lopes, vontade é uma decisão deliberada da razão, diferente de desejo, que é uma necessidade instintiva do corpo, irracional.

De acordo com Hegel a liberdade é a determinação e o fim da vontade, portanto, não pode haver vontade sem liberdade e onde não há vontade não há liberdade.

A filosofia diferencia vontade de desejo: vontade é uma ação elaborada, racional para executar ou não o desejo, que é uma necessidade irracional do corpo. Para os escolásticos, é o primeiro ato antes do juízo no intelecto.

A Bíblia também diferencia vontade e desejo. Abel trouxe ao altar um cordeiro (representando Cristo) como oferta pelos seus pecados, conforme orientação de Deus (Gênesis 3:15). Caim, seu irmão, deu os mais belos frutos, em desacordo às ordens divinas. Caim irou-se, pois Deus não aceitou sua oferta. Jesus lhe disse: “Se fizeres o certo serás aceito, se não, o pecado jaz à porta, sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar. (Idem 4:7) É a vontade que decide a realização ou não, do desejo.

Ellen G. White escreveu: O que deveis entender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou da escolha. Tudo depende da reta ação da vontade. O poder da escolha deu-o Deus ao homem; a ele compete exercê-lo. (Caminho a Cristo, 42)

Na carta aos Efésios, Paulo escreveu: “Entre eles” os operadores de delitos, “todos nós andávamos nos desejos da carne e dos pensamentos, em acordo com a carne e os pensamentos e éramos, por natureza, filhos da ira como os demais.” Efésios 2:3

Aos Romanos, ele escreveu: “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo vivereis … pois não recebestes o espírito de escravidão para outra vez viverdes em temor, mas, o espírito de adoção pelo qual clamamos Aba, Pai.” (Romanos 8:13 e 15)

Somos guiados pelos maus costumes e vícios, queremos deixá-los, mas somos faltos da vontade vigorosa para nos despojarmos. “A luta contra o eu é a maior batalha. A renúncia do nosso eu, sujeitando tudo à vontade de Deus, requer luta, mas a alma tem de submeter-se antes que possa ser renovada. (Caminho a Cristo, 38).

Olha, que alento: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13) “Mas, em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37)

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