Vontade é a faculdade humana de representar física ou mentalmente, ou não, um impulso ou motivos ditados pela razão, a fim de alcançar um objetivo.
É a capacidade de exercer o livre arbítrio, e escolher entre fazer o bem ou o mal. É a capacidade pela qual tendemos conscientemente a um objeto, ou a um ato. (Vocabulário Filosófico, Carlos L. de Mattos).
Vontade é, em resumo, a demonstração do caráter através da disposição moral a querer e reagir de um ou de outro modo.
Segundo Hegel, vontade é o método ou a forma da existência da liberdade no homem e, portanto, é impossível ter vontade sem liberdade e liberdade sem vontade. “A vontade livre inclui de início em si mesma, as diferenças que consistem que a liberdade é a sua determinação e seu fim”. (HEGEL, 2005, §483).
Para Arthur Schopenhauer a vontade é o princípio fundamental da natureza, a força cega, incontrolável que move o mundo.
Uma força que se manifesta em toda natureza, mas adquire características específicas nos seres humanos, cuja existência está subjugada à pressão universal da vontade.
Emanuel Kant dizia que não pode existir vontade sem liberdade de escolha, nem livre arbítrio sem vontade.
Os gregos do tempo clássico tinham deuses para tudo, tinham até a deusa Calipígia (cali é bonita, e pígia é nádegas) deusa de bunda bonita; Terra, oceano, montanha, vulcão, enfim, tudo era endeusado.
Hécate (Eκάτη): na mitologia grega, era o nome da deusa das trevas, do submundo, armada de faca (adaga) e tochas de fogo, as quais podia lançar à grande distância.
Era protegida por cães e serpentes. Era a deusa das terras incultas, das coisas estranháveis, do parto, das bruxarias e das encruzilhadas (talvez daí as reuniões místicas afros nas encruzilhadas).
Era deusa comum nos domicílios atenienses como protetora para atrair bênçãos diárias ao lar. Os romanos possuíam deusa correspondente, chamada Trivia, também usada como sobrenome da deusa Diana.
A palavra trívia, é uma encruzilhada de três ruas, onde construíam altares, e criam que os deuses frequentavam ali. A palavra grega Hekatos, significa ‘vontade’.
Para os filósofos e teólogos escolásticos (século 12) vontade era o primeiro ato concebido antes do juízo racional. É a tendência a alguém, a Deus ou a alguma coisa.
Mas, Schopenhauer estava certo? Vontade é uma força cega e incontrolável?
O Criador orientou a Adão e a seus filhos sobre a oferta de um cordeiro como propiciação pelo pecado (representava a Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (João 1:29) Caim ofereceu frutos. Deus não aceitou.
E Deus lhe declarou: “Se procederes bem, não serás aceito? E se não procederes bem, o pecado jaz à sua porta, e sobre ti será o teu desejo, mas sobre eles deves dominar”.
Contudo, Caim ficou muito irado, ardendo em ciúmes de seu irmão Abel, e por vontade própria, o matou. O Senhor o advertiu: o que você fez, o sangue do teu irmão clama a Mim. (Gê. 4:3-10). Sim, a vontade é uma força capaz de incendiar o mundo, de realizar proezas, mas é controlada pela razão.
Quando o noticiário mostra alguém, que preso, diz ter matado por ciúmes ou por amor, na verdade, foi por uma vontade descontrolada, não administrada pelo raciocínio.
Jesus é o modelo do cristão. Como filho de Maria, era totalmente humano, e como humano pode dizer: “Deleito-me em fazer a tua vontade”.
(Sal. 40:8) O apóstolo Paulo ensinou: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Se orar (não rezar), o Pai Nosso, o leitor verá, que Jesus ensinou a fazer a vontade de Deus e não a sua. (Mat. 6:10) Davi, baluarte da fé e guardião das doutrinas de Deus, orou: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus, guie-me o teu bom Espírito por terra plana.
(Sal. 143:10) Paulo esclareceu: Andávamos nos desejos da carne e dos pensamentos, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos, como os demais filhos da ira, mas agora, somos filhos de Deus e concidadãos dos santos. (Ef. 2:3, 19)
Fica claro, se a vontade pode ser aprendida, orientada pelo Criador, com pertinácia, a vontade pode ser dominada e educada para fazer o bem. Muitas são as promessas fracassadas de vencer o vício, a obesidade, o nervosismo no trânsito ou diante das travessuras dos filhos, de ser um marido mais carinhoso e gentil.
“O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha.
Tudo depende da reta ação da vontade. O poder da escolha Deus deu ao homem, a ele compete exercitá-lo”.
(E.G. White. Caminho a Cristo, p. 42) Não podeis mudar o coração (o caráter), mas podeis escolher, com o poder da vontade, seguir o caminho correto.
Paulo diz que precisamos de perseverança para depois de fazer a vontade de Deus, alcançar a salvação. (Heb. 10:36) “Mediante o conveniente exercício da vontade, pode operar-se em vossa vida uma mudança completa… aliai-vos com o poder que está acima de todos os principados… e tereis força do alto para estar firmes e… sereis habilitados a viver a nova vida…” Ibidem