22/06/2015
Verdade
Artigo por Leondenis Vendramim
O que entendemos por verdade? O dicionário de Aurélio diz que é: conformidade com o real, exatidão, franqueza, princípio certo… O Filósofo Carlos L. Matos define: caráter do que é conhecido de modo idêntico àquele que é em si, de acordo com a razão (Vocabulário filosófico). Para complicar alguns filósofos defendem a ideia de que não existe verdade absoluta. Se verdade é a expressão exata do que é o ser (chamam isto de verdade ontológica) e o conhecimento do homem é finito não há verdade absoluta. Não se conhece tudo sobre o ser. O que, na realidade, a mãe conhece de seu filho? O que pensa? Como é o seu interior? Qual é seu caráter? Quantos fios de cabelo possui? E a seu próprio respeito? Pouquíssimo, quase nada! Nem sabemos tudo sobre um pedaço de madeira: quantos átomos, qual sua origem, enfim não conhecemos toda a verdade, por isso, dizem não há verdade absoluta. Há para a filosofia três tipos de verdade: para o filósofo de origem grega, verdade é “alaethéia”, isto é o que está aos olhos, clara; para os de origem latina “verita” o que é exato, o que é fiel ao relato; e para os hebraicos “emunah” que é confiança e esperança, é mais revelação, profecia. Mesmo na definição mais simplista de que verdade é franqueza, expressão exata do real, ainda assim, dizem, não há verdade absoluta. Ao descrever um acidente, duas testemunhas oculares, descreverão de forma incoerente e incorreta em alguns pontos, mesmo tentando revelar toda a verdade, pois cada um verá por um ângulo, com emoção e reação diferentes do outro. Para alguns, não existem absolutos que definam a realidade. Aqueles que têm tal posição acreditam que tudo é relativo, e que, portanto não há uma realidade verdadeira. É a filosofia do relativismo.
Outros acreditam que existem realidades absolutas ou padrões que definem o que é verdadeiro e o que não é. Portanto, ações podem ser julgadas certas ou erradas de acordo com a sua medida em relação a esses padrões absolutos. Você pode imaginar o caos que seria se não houvesse absolutos, se não houvesse realidade? Que confusão seria se os números não mais tivessem valores absolutos. Por exemplo, 2 + 2 não seriam mais iguais a quatro. Se não houvesse verdades absolutas, o mundo estaria em confusão. Não haveria leis da ciência, da física, da moral, tudo seria sem sentido e não haveria padrões de medida, nem certo e errado. Que barafunda seria, mas a verdade absoluta existe, e ela pode ser encontrada e entendida. O próprio pensamento de alguém alegar que não existe verdade absoluta é totalmente ilógico. Mesmo assim, diversas pessoas, hoje em dia, estão abraçando um relativismo cultural que no seu cerne nega qualquer tipo de verdade absoluto. (Nietzsche e outros creem num relativismo cético). Uma boa pergunta para as pessoas que dizem que “não existe verdade absoluta” é: “Você está absolutamente certo disso?” É totalmente ilógico fazer tal alegação, pois é uma alegação incondicional, que em si própria nega qualquer absoluto. Ela está, em essência dizendo, que sua afirmação de não haver verdade absoluta, é verdade absoluta. Portanto, concorda que há verdade absoluta. Negar a existência da verdade absoluta é autocontraditório. Não havendo verdade como pode o cientista afirmar com precisão seus conhecimentos? Se tudo fosse relativo, quem poderia dizer que roubar, matar, estuprar é errado? Nem mesmo o governo teria condições de impor certas regras de conduta.
O grande problema da verdade, entre outros, está na falta de imparcialidade, e muitas vezes, ela está subordinada aos interesses do poder ou da classe dominante (política, cultural ou religiosa). Estes se consideram os donos da verdade, quem ousa desafiá-los são tidos como radicais, subversivos, fundamentais, entre outros termos.
Como a própria filosofia pode ser uma busca pela verdade se essa verdade absoluta não existe? Contudo para os filósofos cristãos, existem verdades absolutas: Deus é verdade absoluta, Sua palavra é verdade absoluta, a lei moral dos 10 mandamentos é verdade… Este é assunto para a próxima semana.
