ArtigosJ.R. Guedes de Oliveira

Velhos tempos, velhos amigos que se vão

Lá pela década de 60. Bem no final. Desço (como tantos dias) a rua Padre Fabiano, quase que da Igreja de Santa Cruz. Passo no quarteirão de baixo, pela loja do Panza. Pergunto como está o Breno, meu amigo que nunca mais soube dele. Paro no Capóssoli e vejo alguma coisa com o Carlito, sempre prestativo. Um rápido “papo” com o Eduardo Maluf, em sua casa, ali perto. Um pouco mais andando, encontro-me com o Iberê. Simpatia tal qual o seu peso. E lá, quase que na travessa da rua Barão do Rio Branco, fico também no “papo” com ele. Diz-me de suas ideias, dos seus planos futuros, de sua ida para a capital, quando se formar. São projetos de vida que ele fala com enorme entusiasmo, sempre sorrindo, ou mais ainda, de bem com a vida. Era assim o nosso Iberê.

Tínhamos algo em comum: seu pai e seu tio foram músicos como o meu. João, na Orquestra Sinfônica de Amadores; Zenon como integrante do Conjunto da Saudade, junto com o meu pai.

Lembro-me dos tempos do Grupo Escolar Augusto Castanho, ainda na rua XV de Novembro. E do João Carlos Duarte, seu primo, 1º. aluno na escola, em todas as matérias e, em 1956, orador da nossa turma de formandos. O Iberê, mais novo, das turmas que procederam a nossa. Já fora de Capivari, mantinha-me em contato com os amigos que estudavam tanto na Escola Técnica de Comércio, como no ginásio Padre Fabiano. E me contavam das zoeiras que se faziam em festividades da cidade, principalmente nos períodos de junho.

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Iberê Baena Duarte
Iberê Baena Duarte

Mas foram muitas outras vezes que nos encontramos, antes de deixarmos Capivari. Eu, bem antes que ele. Quando de encontros, as histórias fluindo levemente, em sorrisos e lembranças dos velhos tempos.

E o Iberê se foi. Mal terminou São João e partiu com o seu mandarim, que aprendeu com a sua dileta companheira Wang Xiaoshi. Os parentes, amigos e admiradores, ficaram por aqui a exclamar pela sua ausência. E, como sempre, lembro das sábias palavras de Guimarães Rosa: “as pessoas não morrem, ficam encantadas”. Há um amigo que sempre me corrige: – “Olha! Não fale que morreu. Diga que subiu para o segundo andar”. É assim a vida: a lembrança dos tempos que se foram tão rapidamente.

Esta hora, o Iberê deve estar lá com o Poderoso do Universo, contando as suas façanhas nos velhos tempos de Capivari.

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