Marcel Capretz

Trocar de técnico nem sempre resolve

O contexto do futebol brasileiro é único. Calendário insano, viagens longas, pouco tempo de treino, pressão exagerada, individualização de algo que é coletivo e por aí vai.

Um cenário que é sim pior em comparação ao mais alto nível mundial. Cobramos por aqui qualidade do jogo, intensidade, ideias elaboradas, porém os recursos disponíveis para tudo isso acontecer são extremamente limitados.

E com o afunilamento das competições, com a proximidade tanto da virada de turno dos pontos corridos como das fases mais agudas das copas, as trocas de técnicos, que sempre existiram, se acentuam ainda mais. Grave erro…

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Que fique bem claro: não sou contra a demissão de técnico! Se há uma observação de que as perspectivas não são de evolução do processo deve-se efetuar a troca o quanto antes.

Entretanto, o que se vê no futebol brasileiro é a mudança pela mudança. Sem critério. Sem uma avaliação coerente. A pressão externa aniquila a convicção interna. E seguimos enxugando gelo quanto a qualidade do espetáculo…

A permanência de um treinador com ideias, com entendimento de uma metodologia de trabalho, com uma clara pedagogia de treinos que mesmo com poucas sessões crie uma evolução coletiva, é fundamental para minimamente termos um jogo menos rústico e menos aleatório por aqui.

Enquanto imperar a cultura da sobrevivência em meio ao caos, onde o que importa é vencer, ou não perder, o próximo jogo vamos continuar repetindo que na Europa se joga um outro esporte.

É necessário parar de pensar que é só o dinheiro que compra qualidade de jogo e sim analisar alternativas para a competência prevalecer sobre as pressões pela troca de técnico que todo dirigente recebe pelo celular na primeira sequência negativa do clube.

Marcel Capretz

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. [email protected] www.marcelcapretz.com

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