27/03/2015
Traços do caráter: trabalho
Artigo | Leondenis Vendramim
O férreo e glorioso império romano atingiu o apogeu, e achou que nada mais tinha a conquistar, submetiam os escravos ao seu serviço, e alugavam mercenários para as guerras. Nada tinham a fazer, então exigiram “pão, vinho e circo”.
Entregaram-se aos cruentos espetáculos do coliseu, lutas de gladiadores até à morte, feras devorando seres humanos, festivas bestiais, orgias sexuais regadas a vinho… Tornaram-se tão degradados que se enfraqueceram moral, espiritual, mental e fisicamente. Resultado, o invencível império caiu diante de tribos bárbaras pouco numerosas e ignorantes. A Bíblia relata caso semelhante. Na fértil planície do rio Jordão, descrita como ”jardim regado”, estavam as cidades Sodoma, Gomorra, Admá, Zoar, Zeboim cujos habitantes abastados, “não precisavam trabalhar”. Davam-se às farras, bebedeiras e depravação sexual, foi sua ruina (ver Gn. 13:10; 19; Os. 11:8). Deus disse: “Ora, foi esta a maldade de Sodoma…: soberba, fartura de pão e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado” (Ez. 16:49). Deus deu o trabalho, já no Éden como bênção. No organismo humano cada célula, cada órgão, tem sua função; diuturnamente o coração bate, o sangue flui e alimenta todo o corpo. Tudo em nós e todos nós somos feitos para o trabalho. Um só braço inativo por algum tempo, morre. Se alguém quiser aumentar sua longevidade, ou capacidade física e mental tem de se exercitar.
O escritor Teodoro Parker diz que o trabalho ‘está gravado no corpo do homem, no músculo vigoroso do braço, e no delicado mecanismo da mão’. Ruy Barbosa na sua “Oração aos Moços” diz: “O patriotismo consiste praticamente no trabalho”.
S. Júlio Shwantes no “Colunas do Caráter”: “ Não é patriota o funcionário público que lesa o país com serviço displicente… o cidadão que, envergando a farda do Exército nacional, é negligente no cumprimento do dever… o estudante que procura, a socapa, substituir o esforço mental assíduo e perseverante por métodos fraudulentos. Pelo contrário, o mais humilde brasileiro, que no seu canto obscuro… ganha honestamente o pão para si e para a família, com o suor do seu rosto, dá mostras do mais são patriotismo”, P. 57.
O homem vale aquilo que produz, portanto, quem nada produz nada vale. Só há vida na atividade, quem não trabalha é peso morto. E isto deve ser ensinado de modo prático às crianças de tenra idade. Os pais devem ser exemplos e permitir que as crianças sintam-se úteis, realizando tarefas domésticas, de acordo com sua capacidade física e etária. A ociosidade dos filhos conduz-nos aos vícios e aos pequenos delitos, que evoluem para crimes maiores, que os trancafiam e envergonham os pais. O trabalho intelectual ou braçal, ao contrário, enobrece o caráter humano, dá sabor às realizações e conquistas. Engana-se a pessoa que procura o salário imerecido pela negligência ao trabalho, o estudante que obtém boa avaliação pela “cola”, assim como os políticos que aumentam seus ganhos pela fraude, corrupção e legislação em causa própria. Um dia a vida vai reprová-los, ou, Deus os reprovará no ajuste do juízo final.
O trabalho não foi dado ao homem como maldição, como disse Karl Marx, mas como bênção para que sua vida não fosse enfadonha, porém, de projetos e realizações. Não seria melhor receber a remuneração e ver os frutos do seu trabalho, do que pagar para gastar suas energias na academia (nada contra as academias)? O esforço e a fadiga proporcionam um sono reparador, faz o sangue irrigar todo o corpo levando saúde para os ossos e órgãos, e aumenta a capacidade intelectual.
A Bíblia diz aos amigos do ócio: “Vai ter com as formigas, ó preguiçoso” Pv 6:6. “Quem não quer trabalhar que não coma” 2Tes 3:10. “O desejo do preguiçoso o mata, porque se recusa a trabalhar.” Pv 21:25 .Não se prive desta bênção, nem aos seus filhos. Deus nos ama e por isso nos deu a lida, se você ama seus filhos dê-lhes trabalho e deles se orgulhará, ou, prive-os disto e deles se envergonhará.
