13/02/2015
ARTIGO
Traços do caráter de grandes brasileiros
Muitas são as pessoas que dizem não gostar de História, isto é, pensam que não gostam, pois acompanham novelas, assistem a filmes, contam histórias de sua vida etc. A História do Brasil revela que nossos compatriotas tiveram fortes traços de caráter, que nos servem de exemplo. Historiadores modernos excomungam os heróis de nossa história e até os tornam vilões, contudo não podemos deixar de enxergar neles belas virtudes morais e nobreza de caráter a ser seguidas. Como é geral em todos os humanos, eles tiveram bons e maus caracteres na sua personalidade. “Examinai tudo e retende o bem”, é o conselho paulino.
Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro, conhecido como o Pacificador, na guerra contra o Paraguai, em Lomas Valentinas, mostrou a grandeza de seu caráter. Numa manhã de forte batalha, trouxeram-lhe uma caneca de café enquanto seus soldados estavam na luta, mas ele negou-se a beber: “Obrigado! Só tomo café depois que meus soldados puderem tomar”. Talvez ele tenha se espelhado em Davi, que no campo de guerra, não quis tomar água trazida por três de seus homens, que com risco de morte, atravessaram o campo adversário para lhe dessedentar (2 Sam 23:16-17). Caxias viveu num tempo em que os soldados eram estimados de pouco valor, sua vida era contada como para morrer na guerra. Essa atitude do Duque mostra-nos a humildade e a grandeza de caráter desse grande general, um exemplo para os líderes modernos.
Noutra feita, não vai tão longe o tempo, quando as escravas eram forçadas a fazer sexo com o seu “dono” e por isso seus dentes eram-lhes arrancados com alicates, escravos eram castigados com óleo quente nos pés desnudos, Duque de Caxias comprou uma fazenda; ao conferir o rol dos bens constava a inclusão de 60 escravos, além dos bens comprados. O historiador Afonso de Taunay diz que Caxias não achou honesto e deu carta de Alforria a todos eles.
Nosso país vive hoje uma inversão de valores morais, quanto mais astuto, desonesto mais bem votado é o político. Eles entram pobres para cargos de administração de empresas ricas e saem ricos dessas empresas pobres (era o que se dizia de Ventídio na Síria). Não é o caso da Petrobrás? O problema do “Mensalão”? De Pasadena? Dos Anões? Do Juiz Lalau? Das Polonetas? E isto já é tão antigo! Em 1983 o escritor Prof. S. Júlio Schwantes escreveu: “É sentimento partilhado por muitos que nosso país atravessa uma crise de caráter particularmente aguda… desonestidade nos mais altos círculos da administração pública já não estarrecem a nação pela sua frequência. São tantos e tão acintosos os atentados contra o erário público, que quase se diria que a honestidade é a exceção não a regra.” Colunas do Caráter, 107. Em 2015, perguntamos incrédulos: Ainda há alguma exceção? Tomara que sim!!!
Alguns ditados vieram à minha mente enquanto escrevo este artigo: “O fogo desafia o ouro e o ouro desafia o juiz” (Prov Turco). “A opressão enlouquece até os sábios e o suborno corrompe o coração (Ecl 7:7). “Não aceites presentes porque cegam até os perspicazes e pervertem os justos” (Ex 23:8). Os ladrões dos bens privados passam a vida no cárcere… Os ladrões dos bens públicos, no ouro e na púrpura” (Estadista Romano).
Como diz Aristóteles: “A virtude é uma arte obtida com treinamento”; outro filósofo grego Demóstenes escreveu: “A virtude não é um ato, mas um hábito”. Esses homens de caráter firme pelo que é reto e de sucesso na vida lutaram contra os seus maus desejos. É dito de Demóstenes que sendo gago, raspava metade da cabeça para não sair de casa e treinar a oratória, e como tinha tique nervoso, encostava-se a uma tábua com pregos de maneira que o cutucava quando fazia trejeito. Isto nos diz, que quem quiser perder os maus hábitos e adquirir bom caráter terá de lutar ferrenhamente contra si mesmos.
