Opinião

Traços de caráter: perseverança

27/04/2015

Traços de caráter: perseverança

Artigo por Leondenis Vendramim
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Robert Bruce, herói da independência da Escócia, teve suas tropas desbaratadas pelos ingleses. Sob terrível tempestade, fugiu e abrigou-se numa caverna. Exausto e pensativo viu uma aranha saltar de um galho a outro para tecer sua teia, mas sem sucesso. Notou que a aranha caiu no vácuo várias vezes, até que, conseguiu seu intento. Ele pensou: “Se uma pequena aranha pode vencer a adversidade, eu, um rei, não devo desistir tão facilmente”. Saiu do esconderijo, reuniu os soldados e com redobrada coragem insuflou no seu reduzido exército um espírito vencedor. Foi assim que R. Bruce derrotou as forças inglesas de Eduardo II na batalha de Bannockbum.

Perseverança é a alavanca que muitas vezes faz do fraco um vitorioso. Júlio Swchantes diz: “Perseverança é a capacidade de esforço sustentado. Quando a escalada é íngreme e outros desanimam, o perseverante, com os olhos fixos no alvo, saca reservas de energia de um tesouro oculto. Esse tesouro é uma vontade férrea, adestrada na escola do trabalho e do sofrimento… não se improvisa ao capricho da necessidade”. Colunas do Caráter, 92.

Ao nos criar, Deus nos dotou das glândulas suprarrenais, que quando ameaçados por um perigo, ou diante de uma emergência, lança maior dose de adrenalina e nos aceleram, tonificam os músculos e nos enche de intrepidez.

A perseverança é um hábito a formar o caráter, que se adquire ao longo das adversidades e das duras jornadas. O estudante que frequenta os bancos toscos das escolas, por horas diárias e intermináveis 18 ou 20 anos, com desgastantes tarefas e abnegação para se tornar um médico. José do Patrocínio e Joaquim Nabuco tiveram o ideal de dar alforria aos escravos no Brasil. Lutaram por 30 anos, escrevendo nos jornais, fazendo palestras, enfrentando os escravocratas e a legislação vigente; por fim, prevaleceu a fibra deles. Admiramos homens como Vital Brasil, Oswaldo Cruz, que perseverantemente, sacrificaram seu tempo e sua vida para dedicarem-se às pesquisas na erradicação da peste bubônica que dizimava os brasileiros. A bravura com que enfrentaram o risco de morte, a população ignorante contra a vacinação, ou, contra o uso do soro antiofídico a fim de salvá-la da morte.

Por volta de 1968, conheci um moço cujo ideal estava além de sua possibilidade, fazer medicina. Havia muitas barreiras, ele era pobre, casado, pai de 3 filhos, morava em Piracicaba, onde não havia essa faculdade. Não desistiu, perseverou no seu intento. Vendeu o que tinha, mudou para Belém, e depois de alguns anos formou-se médico. Montou seu consultório na sua cidade, onde fez grande sucesso, graças à sua garra e perseverança ao enfrentar as vicissitudes.

No dia 6 de dezembro de 1868 aconteceu a batalha de Itororó entre Brasil e Paraguai. O exército brasileiro era comandado pelo então Marquês Marechal Duque de Caxias. Tinha de transpor a estreita ponte de Itororó. Porém o exército paraguaio estava bem postado, e cada vez que os brasileiros tentavam a travessia, eram mortos. Com perseverança Caxias bradou: “Quem for brasileiro que me siga!” Lutaram com tal bravura que foram vitoriosos e fizeram os paraguaios fugitivos.

Não há vitória sem luta. Problemas existem para serem solucionados. Foi quando perseguidos, que os cristãos divulgaram o evangelho. Quando estamos doentes procuramos o médico. As lutas, os dissabores, as enfermidades, os dramas familiares, que tanto nos atormentam são ferramentas, que se enfrentadas com perseverança, podem nos dar a fibra necessária para a construção de um caráter que não se esmorece tão facilmente e torna seu portador um vitorioso.

Na batalha de Porto Arthur, os russos desistiram e se entregaram aos japoneses quando estes já estavam sem munição. Um pouco mais de luta e teriam vencido. Nas batalhas da vida a perseverança desempenha papel decisivo. Em vez de sucumbir ao desânimo e desistir dos louros da vitória, porque não tentar mais uma vez com vontade inquebrantável e saborear o triunfo? Jesus disse: “Aquele que perseverar até o fim será salvo! (Mt.10:22). Desenvolvamos a perseverança para sermos vitoriosos!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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