É sempre relativo analisar a importância da seleção brasileira no cenário doméstico e internacional. Há quem defenda que o encanto de outrora já não existe mais.
Os argumentos são os mais variados: os nossos craques não jogam aqui e só ‘pensam em dinheiro’, a qualidade do jogo não é mais a mesma, faz tempo que não ganhamos uma Copa do Mundo, estamos atrasados com relação ao que se faz na Europa e etc. Porém, sempre que a seleção joga eu me esforço para acompanhar.
Penso ser importante procurar entender quais as ideias do treinador e como cada jogador convocado se comporta, já que para mim faz sentido o específico clichê que diz: jogar em clube é uma coisa e na seleção é outra.
Me apego aqui mais ao treinador, porque é o que tem me chamado a atenção. Já falei inúmeras vezes que Tite é o melhor técnico brasileiro. Com o conservadorismo da CBF é impensável termos um profissional estrangeiro, portanto a permanência de Tite se mostra mais do que coerente. E é a evolução do ex-treinador do Corinthians que mais salta aos olhos.
Tite é hoje o ponto intermediário entre os mais competentes treinadores do mundo e a mesmice de ideias que, de maneira geral, impera no Brasil. E a cada pequeno ‘ciclo’ de jogos é possível ver melhora na seleção brasileira. E falo aqui de conceitos, de ideias.
Por exemplo, se na Copa do Mundo, há dois anos, a seleção insistia em uma saída de bola com a linha defensiva de quatro ‘sustentada’, hoje vemos uma saída de três, ou até mesmo com dois jogadores dependendo da marcação do adversário.
Se o Brasil antes sofria ao perder a bola, já que sem uma compactação bem feita é impossível realizar um ‘perde-pressiona’ eficaz, hoje atacando com mais gente as linhas invariavelmente estão mais próximas e uma transição defensiva acontece de maneira natural .
Não jogar contra as melhores seleções do mundo por conta do calendário é um problema gigante, mas de poucas, ou quase nenhuma, solução. O que está ao alcance de Tite ele está fazendo: aprimoramento tático, busca de conhecimentos do que se faz no mais alto nível e evolução profissional.
E o que é mais difícil: com pouquíssimo tempo para treinar. Ao invés de criticar as circunstâncias que envolvem a seleção prefiro olhar para dentro de campo. E o que tenho visto tem me agradado cada vez mais. É garantia de vitória? Claro que não. Mas aumenta as probabilidades.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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