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Tite e a sua dificuldade para atacar

Marcel Capretz, colunista esportivo

Seu time tem mais posse de bola do que o adversário. Troca mais de sessenta passes na partida. Chuta mais de quinze vezes ao gol. Tem como centro de gravidade do jogo o campo de defesa do oponente – ou seja a bola fica mais tempo perto do gol do adversário do que do seu próprio gol.

Porém o resultado positivo não vem. Seja um empate ou até mesmo uma derrota, porque mesmo com esse “domínio” do jogo é possível, por exemplo, tomar um gol de contra-ataque.

A situação descrita acima cai perfeitamente para um time do futebol brasileiro. E hoje se enquadra, também, na seleção do técnico Tite. O que vimos no confronto contra a Venezuela pela Copa

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América foi um retrato fiel do que acontece nos gramados pelo Brasil: uma ausência gigante de conteúdos ofensivos.

Preciso contextualizar que a cultura, a escola do futebol brasileiro sempre pregou o individualismo ao invés do coletivo. O nosso próprio futebol de rua, com a sua peculiar pedagogia, sempre foi pautado pelos confrontos individuais. E por muitos anos isso fez com que tivéssemos o melhor futebol do mundo. Nossos craques resolviam.

O treinador deveria minimamente armar a defesa. E deixar o talento decidir lá na frente.

Não sei se alguém ainda não percebeu, mas o mundo mudou. E o futebol também. Nossa pedagogia da rua encolheu. Nossa metodologia de treinamento e conceitos táticos não evoluíram, assim sendo foram superados. Hoje não cabe mais deixar o craque resolver com a bola nos pés.

É preciso conceito, ideia, princípios e sub-princípios para atacar. São conceitos coletivos que fazem com o que o jogador de qualidade apareça individualmente. Coisas que são intuitivas, mas que também podem ser treinadas e condicionadas, como ultrapassagens, mobilidade, apoios, terceiro homem, viajar junto para gerar desmarque, enfim, ideias coletivas que fazem com que uma equipe ataque com qualidade.

Criou-se uma falsa ideia de que para jogar bem é preciso ter posse de bola. Discordo. A posse é um meio. E não um fim nela mesmo. E a análise de qualquer estatística deve ser encarada qualitativamente. Quais finalizações foram realmente limpas e com perigo real ao adversário?

As trocas de passes foram predominantemente para frente ou só para o lado e para trás? A circulação de bola foi realmente efetiva ou quem mais participou foram os zagueiros com passes distantes do gol adversário? Cumprir a lógica do jogo e realizar as ações necessárias para a vitória com o menor gasto possível de energia é o essencial. Independentemente da porcentagem da posse de bola.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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