Período sem jogos não quer dizer período sem futebol. Sobretudo com a euforia causada por simples especulações: saídas e principalmente chegadas de jogadores são comemoradas muitas vezes como um título!
Mas qual a real eficácia de um reforço bombástico? A empolgação do torcedor deve ser parâmetro para o dirigente fechar ou não um negócio? Admitindo que toda contratação é um risco, como minimizá-lo através de uma análise prévia bem estruturada? Perguntas complexas para algo ainda mais complexo e subjetivo que é o futebol…
Primeiramente quero deixar bem claro que para mim o mais importante no futebol é o binômio: jogador-torcedor.
É a qualidade do jogador que faz do futebol um espetáculo. É a paixão do torcedor que alimenta a indústria e faz a roda girar. Porém isso não quer dizer que uma equipe de sucesso, que conquiste títulos, seja calcada apenas na qualidade individual dos seus jogadores e no sentimento desmedido de quem está na arquibancada.
Não são poucos os casos de equipes recheadas de craques que nada ganharam. Ou então aquele time que no começo da temporada realizou duas ou até três contratações de impacto, criou uma expectativa gigantesca no torcedor, mas quando a bola rolou não houve o chamado encaixe.
Apesar de sabermos que o futebol é coletivo -onze em campo e muitos outros profissionais nos mais diferentes departamentos- temos a tendência de individualizar o jogo. Pela nossa cultura. Pela nossa história. Pelos nossos inúmeros craques do passado e do presente.
Fecho todo esse raciocínio com dois exemplos do futebol paulista: na última grande conquista do Corinthians, o Brasileirão de 2017, o time foi taxado como a quarta força ao ser confrontado “no papel (!)” com seus maiores rivais.
A mais recente glória do Palmeiras, a Libertadores 2021, foi obtida mesmo com o clube tendo menos jogadores “decisivos (!)” do que os concorrentes Atlético-MG e Flamengo. Citações práticas de que no caos e na complexidade do futebol o todo, de fato, é maior do que a soma das partes.