Me interessa muito acompanhar grandes campeonatos pelo mundo. Evidente que o foco agora é a Copa da Rússia Mas todo ano temos a Champions League, por exemplo, que nos traz novidades técnicas, táticas e até físicas e emocionais do jogo.
Parto do princípio de que todos conhecem todos no mundo da bola de hoje. E justamente por isso que para você surpreender o seu adversário é necessário ou trazer algo muito elaborado ou muito bem treinado.
É obvio que quem for campeão do Mundial terá seu plano de jogo e ideias exaltadas – como foi a Espanha e seu jogo de posição em 2010 e a Alemanha e o seu jeito único e equilibrado de também fazer um ataque posicional em 2014.
Mas quero me antecipar e mesmo ainda nas oitavas de final já pontuar algo que me tem me chamado muito a atenção: a concentração e aplicação de quem não tem a posse de bola. Se os exemplos que citei de espanhóis e alemães privilegiavam a posse de bola, tenho visto uma sofisticação brutal no domínio territorial por parte de quem busca controlar a partida através do campo e não da esfera.
A linha defensiva com cinco marcadores já é tendência na Europa há pelo menos dois anos. Mas ela atingiu níveis absurdos de compactação com a linha de meio invariavelmente com quatro marcadores, gerando superioridade numérica e fechando linhas de passe.
E essa tendência tática costuma vir de equipes com menos recursos técnicos. E são esses jogadores os mais concentrados e intensos. Eles sabem que tem que estar no lugar certo na hora certa. Todo o tempo. Um erro pode ser fatal. Uma perda de atenção e tudo desmorona. Por isso a força do intelecto deles tem que ser sempre próxima do cem por cento.
Não sei se uma seleção ganhará a Copa assim. Acho difícil. Mas fica essa tendência para os próximos campeonatos. Treine o posicionamento dos seus jogadores. Mas treine também a capacidade de concentração deles. Uma não vive sem a outra.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.