No Museu de Arte de São Paulo (MASP– Avenida Paulista, 1578 – São Paulo-SP) ocorre a Exposição “Tarsila Popular”, com início no dia 05 de abril, funcionamento de quarta a domingo, das 10h às 18h; terça, das 10 às 20h; e se encerra em 23 de junho. O ingresso para visitar a exposição é R$ 40,00 e crianças não pagam. Nas terças a entrada é grátis.
A artista capivariana, nascida numa fazenda no atual município de Rafard, mesmo antes de ir a Minas ou à Rússia, antes da fase Pau-Brasil e da Antropofagia, já queria abrasileirar as vanguardas. Em uma entrevista ao Correio da Manhã, em 1923, ela confessou se sentir “cada vez mais brasileira” e deu uma pista do que talvez entendesse por “popular”: “Quero ser a pintora da minha terra. Quero, na arte, ser a caipirinha da São Bernardo, brincando com suas bonecas de mato”. São Bernardo é a fazenda de seu pai, onde Tarsila nasceu e viveu os primeiros anos de sua infância, aqui em Rafard, e que hoje abriga a organização social Abaçaí Cultura e Arte.
O “popular” em Tarsila aparece em telas como o “Manacá”, onde as “cores pobres” retratam uma planta usada pelos indígenas com fins curativos, e “Cuca” (1924), pintada apenas três anos depois de Monteiro Lobato arrancá-la do folclore e lançá-la na literatura.
O mais valorizado dos seus quadros, o “Abaporu”, que não aparecia em São Paulo há onze anos, veio emprestado do Museu de Arte Latino-Americana (Malba), de Buenos Aires. “Tarsila Popular” é mais uma exposição das “Histórias das mulheres, histórias feministas”, exposições temáticas da programação do MASP deste ano.
Dentre as muitas viagens, uma despertou Tarsila para temas sociais. Em 1931, ela visitou a União Soviética. Exibiu seu trabalho em Moscou e, de volta da então URSS, pintou quadros como “Operários” e “Segunda Classe”, ambos em 1933, nos quais abrasileirou o realismo socialista ao retratar trabalhadores mestiços e tristonhos.
Tarsila do Amaral (1886-1973) também ousou na vida conjugal, foi mulher moderna, de vários maridos, quando o preconceito religioso e social era enorme para quem fugisse das tradições.
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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