A demissão do técnico Sylvinho no Corinthians escancarou problemas crônicos do nosso futebol.
Claro que saídas de profissionais são legítimas e acontecem no mundo todo – muito mais no Brasil do que em outros lugares, mas tudo bem.
E você, corintiano, pode estar neste momento enumerando erros de escalação, formação e substituições que Sylvinho cometeu nesses oito meses de trabalho…porém um olhar global para essa demissão mostra que estamos na contramão do que pede o sucesso.
Em primeiro lugar, o futebol brasileiro superdimensiona o papel do técnico. Quando ganha ele leva méritos que não são dele.
E quando perde é crucificado e apontado como o grande vilão sem também merecer. O jogo é do jogador! Quem executa, quem toma decisão é o atleta! O treinador tem um papel fundamental, entretanto o protagonista é sempre aquele que entra em campo.
E no caso do Corinthians o elenco é mal formado. Há excesso de jogadores que já passaram da idade de alta performance e também lacunas importantes, como a ausência de um centroavante e de um primeiro volante.
Quando a atuação no mercado prioriza desejos de patrocinadores e não aspectos técnicos fica difícil criar um elenco homogêneo…
Reconheço que a comunicação de Sylvinho não foi das mais assertivas. No discurso e na linguagem não verbal faltou se adaptar ao “público-alvo”, que é o corintiano.
Ele foi demitido por causa disso. E isso é muito grave! Foi avaliado a embalagem e não o conteúdo! A partir do momento que o personagem Sylvinho caiu em desgraça o campo passou a não importar.
Nada que ele fizesse iria agradar a opinião pública. Nenhuma fala de jogador atestando a qualidade do trabalho convenceria o torcedor e por consequência o dirigente.
A gestão não profissional gera isso. A arquibancada deve ser ouvida, mas não pode ser determinante na condução do processo.
Nunca que três jogos de início de temporada podem culminar na saída de um treinador. Agrade o torcedor e jogue a pré-temporada no lixo! Qualidade do jogo nesse contexto incoerente? Esquece…