Sentado num banquinho de madeira, corroído pelo tempo
Um caboclo pegava sol da manhã.
Do seu lado, os companheiros do dia a dia.
O cachorrinho, o gatinho.
Na parede beira da porta, uma gaiola com passarinho.
Ele fica atento, ouvindo o radinho.
Para o caboclo parece alegria!
Nestes versos, vou retratar a casa de barro batido!
A cerca de arame, o vaso de flor.
Esse caboclo ali sentado, lembra o passado, parece até que deixou
lá na roça, sem terminar, o seu roçado.
Fica pensando na quebra de milho, no jacá, no chapéu nas costas pendurado.
Parece que o caboclo esqueceu lá na roça o arado, o machado.
Recorda ainda da pareia de burro, o Brioso, o Teimoso,
lá no pasto, sem seus cuidados. Veja nos meus versos esse caboclo sentado.
Picando fumo, molhando a palha, passando entre seus lábios.
Batendo a pedra com o binga pra acender o seu cigarro.
Continua assim todo dia, parece aposentado!
Rê!
Parece aposentado!
Aposentado pelo tempo, foi obrigado a parar.
Já não podia continuar de tão cansado!
Trabalhou tanto nesta vida, como tantos!
Agora,
ou morre na pingaiada, ou de tristeza, ali, como ele sentado.
Sem poder fazer mais nada, só lembrar do passado.
Do seu lado, uma velha enxada com o cabo trincado, e o corte enferrujado.
“Como eu”, ele deve pensar!
“Trabalhei tanto, paguei mais do que devia!
Do meu ordenado vinha descontado.”
Não é só com ele: com o Zé, o João, o Pedro e o Hilário.
Só recebe um salário.
Enquanto eu ainda tenho o meu cantinho!
Estudei os meus filhinhos, com o suor do meu trabalho!
Caboclo tá sempre sozinho, ali encoidinho.
Vejam!
Parece que vai morrer de tédio!
E se não fosse os filhos ajudar a comprar os remédios,
pobre do caboclo, o seu Hilário.