06/10/2015
Ser brasileiro se tornou uma missão
EDITORIAL | Em um país cada dia mais difícil de se viver e conviver, o ser humano continua ao acaso e a mercê do descaso. A contaminação de tal onda de desprezo é geral. Setores públicos e privados, de mãos dadas, testam diuturnamente a paciência, e porque não dizer a ignorância do cidadão. Eu, você, nós somos só mais um número, seja para contribuir com uma eleição política ou para contabilizar lucros e metas.
E não venham dizer que a imprensa se presta a fazer discursos negativistas. A paciência acabou e a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, neste caso, do trabalhador honesto, que entra em desespero no fim do mês ao ver que o que ele ganhou sequer vai dar para pagar as contas.
Com o pequeno empresário não é diferente, senão pior. Neste caso, o empreendedor é obrigado a se preocupar com a saúde financeira da sua empresa, a pagar os seus funcionários em dia e, se sobrar, saudar com as suas contas pessoais. É vergonho, humilhante, desesperador.
E que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso.
Aí vem a pergunta: mas por que uma opinião tão áspera e negativa?
A resposta pode ser respondida por cada cidadão, que a cada dia acumula reclamações, sejam elas pela falta de atendimento ou medicamentos nas unidades de saúde, ou então pelas altas, abusivas e criminosas taxas de juros praticadas pelos bancos. O que dizer então sobre corriqueiras denúncias de corrupção que no fundo acabam em pizza? E os exemplos podem ir longe, muito mais longe.
Agora, tamanha pachorra tem sido estrelada pela Companhia Paulista de Força e Luz – mais conhecida como CPFL Paulista – perante os consumidores de Rafard e Capivari. Com conhecimento de causa, mais especificamente com moradores do bairro Jardim Ana, em Rafard.
Na Rua Domingos Ruzza, por exemplo, se o tempo nublar, ventar ou o passarinho fizer ‘xixi’ a energia elétrica cai. Há cerca de 2 meses, não só os moradores desta rua, mas da cidade toda, sofrem com as constantes interrupções de energia, isso porque, o transformador que alimenta o reservatório de água que distribui o líquido precioso para a cidade está localizado aqui. Resultado: cidade sem água, moradores sem energia e comércios com prejuízo.
Aqui, interrupções aconteceram no domingo a noite, na madrugada de segunda-feira com retorno às 20h e na terça-feira à noite novamente. Questionada pela segunda vez por este veículo de imprensa, A CPFL Paulista esclareceu em nota que ‘já’ estão programados investimentos para o sistema elétrico de Rafard e que em 45 dias serão realizadas obras de melhorias na rede elétrica. E detalhe para esta informação: “essas ações devem contribuir para sensível evolução no fornecimento aos clientes da cidade”.
Sensibilidade deveria ter a empresa na lida com o consumidor, investindo em material humano para atender rapidamente as necessidades, garantindo aos pedidos e súplicas do consumidor desesperado, que por horas sem o fornecimento de energia, perde um alimento na geladeira, ou o diabético que perde sua insulina. Ou o comerciante que se vê obrigado a dispensar os funcionários e despachar os clientes, amargando sozinho tal prejuízo.
Enfim, este é apenas um exemplo da difícil sobrevivência em um Brasil que não está preparado para bem acolher o seu povo. Um país que tenta vender algo lá fora que não é e deixa os brasileiros na berlinda. E aí, salve-se quem puder.
Crises vão e vem, alguns caem e logo se levantam, outros demoram um pouco mais, alguns passam de maneira mais fácil, outros mais difícil. A verdade é que fica uma marca profunda e triste, com um sentimento de que sobreviver aqui não é uma missão impossível, mas de extrema superação e esperança.Dito isto, quase nada perto do que os pensamentos fervilham, continuemos firmes nesta batalha, para que o amanhã seja melhor do que hoje.
Bom fim de semana!