O final de ano está sendo intenso no futebol brasileiro. Com as competições chegando em suas retas finais, a luta por conquistas e até contra o rebaixamento mexe com o emocional dos torcedores. Ou melhor, não é só o torcedor que tem que ter controle emocional. Os atletas e membros da comissão técnica também. E é justamente esse o ponto que vejo como fundamental tanto para o sucesso como para o fracasso das equipes nesses dois meses finais da temporada.
Todos sabem que sou extremamente crítico com o jogo que praticamos em solo nacional. A falta de ideias, conceitos e conteúdos ofensivos me deixa perplexo, sabendo que historicamente fomos reconhecidos mundo afora pela nossa relação apaixonada com a bola. Contradição maior não há. Pois bem, não será em sessenta dias, em meio a jogos extremamente tensos, que serão trabalhados comportamentos sofisticados de ataque como profundidade, penetrações, apoio, amplitude, etc.
Porém é possível desenvolver crenças positivas e fortalecedoras na mente dos atletas, criando um espírito de equipe coeso, engajado e focado unicamente em vitória, conquista e glória que pode fazer a diferença nas decisões que teremos a seguir.
O papel da liderança do treinador aqui é fundamental. Mas a responsabilidade pode e deve ser dividida. Todo o clube é responsável por propiciar um ambiente campeão ao grupo de atletas. Até o torcedor pode dar sua contribuição. Ou alguém duvida que os treinos abertos do Corinthians não tem um peso decisivo nas recentes vitórias do clube? Ou até mesmo as vaias de um Morumbi e de um Maracanã lotado não abalam a confiança de São Paulo e Flamengo, respectivamente?
O resultado dentro de campo é fruto de todas as interações que acontecem em um clube de futebol. Todos tem um dedo na criação de vitórias e também de derrotas: o presidente, o diretor, o financeiro, o jurídico, o psicólogo, o nutricionista, o roupeiro e por aí vai.
Vencerá Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores não o melhor time tecnicamente. Mas sim aquele que tiver mais inteligência emocional nos momentos cruciais. A queda de Inter, São Paulo e Flamengo não é apenas uma questão de modelo de jogo saturado. Assim como a ascensão do Palmeiras também não é que o técnico Luiz Felipe Scolari seja um gênio tático. O futebol é jogado no campo de grama, porém é também jogado no campo da mente. Tem o melhor resultado quem for bom em ambos.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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