Leondenis Vendramim

Sábado ou Domingo?

Entre os teólogos e líderes das várias religiões é uníssona a ideia da necessidade da observância dos mandamentos da lei de Deus. Do catolicismo ao protestantismo, do adventismo ao paganismo e ateísmo, não há divergência sobre a obrigatoriedade de se manter sob os princípios morais da lei de Deus, até porque há a exigência legal sobre todos, mesmo que regidos pela lei interna da consciência moral. O problema está em que muitos pensam que os adventistas consideram ser preciso guardar a lei para a salvação, o que não procede. A profetiza Ellen White ensina exatamente como John Wesley: a salvação é unicamente pela graça de Cristo que morreu na cruz para salvar os pecadores. No entanto, o crente em Cristo deve agir correta e honestamente seguindo o Modelo Jesus. E quando pecar (pecado é transgredir a lei – 1 João 3:4) há um Advogado no céu Jesus Cristo (João 1:9 e 2:1). A lei divina é eterna (Sl. 119:160) e perfeita; aqueles que a transgridam fazem-se inimigos de Deus (Ro. 8:7-8).

Outro ponto de discórdia é o sábado. Para White e para o Adventismo, o sábado é parte integrante da lei, é santo, justo e bom (Ro. 7:12), portanto, eterno e qualquer que o viola é culpado de transgredir todos os mandamentos. (Tg. 2:10) O quarto mandamento é anterior a qualquer povo incluindo os judeus. Cristo não o aboliu (Mt 5:17-19) com Seus milagres no sábado. Os judeus faziam desse dia um fardo criando inúmeras leis para guardá-lo e o Mestre ensinou, na prática e na teoria, que esse dia foi feito para o homem (Mc 2: 27) e que é lícito fazer o bem no sábado. (Mt. 12:11-12). Para o adventismo é lícito curar, auxiliar alguém com palavras, com trabalho e mesmo financeiramente ao necessitado. O sábado é um memorial da criação e um estandarte de proteção contra o evolucionismo darwinista.

Cristo observou-o (Lc 4:16, 31) a mãe de Jesus e as mulheres que conviveram com Ele também o guardaram (Lc 23:54-56 e 24:1), assim como Paulo (At. 13:42-44). Na criação, Deus descansou no sétimo dia (sábado), assim como o próprio Criador descansou na sepultura nesse mesmo dia semanal. Na eternidade a observância do quarto mandamento – o sábado – será eternamente semanal. (DTN, p. 206, conf. Is. 66: 23)

White afirma que os cristãos dos primeiros séculos guardaram o sábado (O Grande Conflito, p. 53). O clérigo inglês Carlyle Haignes corrobora ao dizer: os cristãos tinham profundo respeito para com o sábado e passavam o dia em devoção e admoestação e copiaram esse procedimento dos próprios apóstolos por isso não podemos duvidar (da lei do sábado) – Dialogues on the Lord’s Day, p. 189. Edward Brerewood assevera: o antigo sábado continuou e foi observado pelos cristãos por mais de trezentos anos após a morte de nosso Salvador’ Leorned Treatise of the Sabbath, p. 77 O historiador Lyman Coleman diz: Até o fim do quinto século a observância do sábado judaico teve continuidade cada vez menor até que cessou completamente. (Ancient Christianity Exemplified, Cap. 26, p. 527) Inácio de Antioquia (séc. 1) escreveu: Assim os que guardavam a velha ordem chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo o dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou – o domingo. Will Durant refere ao sábado: A austeridade do sábado judaico fora no segundo século transferido para o domingo. Nesse ‘dies domini’ ou dia do Senhor, os cristãos se congregavam para o rito semanal. No fim do século segundo essas cerimônias semanais tomaram forma de missa cristã.

Segundo a Enciclopédia Britânica, comentando o verbete “Sunday” domingo, Constantino, no ano de 321 a.D. decretou que todos os tribunais de justiça, os habitantes das cidades e oficiais deviam repousar no domingo, no venerável dia do sol, é o documento mais antigo que se conhece. A exceção era concedida unicamente para os agricultores. Esta declaração também foi feita pelo Papa João Paulo 2 na sua Carta Apostólica “Dies Domini” no dia 31 de maio de 1998. No capítulo IV, p. 18 diz: “Historicamente, ainda antes de ser vivido como dia de repouso, aliás, não previsto então no calendário civil”. “Durante alguns séculos, os cristãos viveram o domingo como dia de culto sem poderem juntar-lhe também o significado sabático. Só no século IV é que a lei civil do império romano reconheceu o ritmo semanal fazendo com que, no “dia do sol”, os juízes, os habitantes das cidades e as corporações dos diversos ofícios parassem de trabalhar.” (p.20)

O imperador Constantino decretou que guardassem o domingo em honra ao deus Sol, pois ele era mitraista e não Deus. Portanto, a guarda do sábado lembra que Deus é o Criador do Universo (Ex. 20:8-11), e nosso Deus (Ez. 20:20), enquanto o domingo é uma honra ao deus Sol. Cada qual escolhe o que pretende ser e a quem servir.

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