Rubinho de Souza

Romeu dos Bonecos (final)

logo do fundo do baú raffardPor Arnaldo Forti Battagin

Em 1988, como relata Antonio Penna, Romeu dos Bonecos fez uma apresentação para Moraes Sarmento no Programa A Cidade Faz o Show. Sarmento se impressionou com a competência do artista e no saguão do Hotel Alvorada, divertiu a equipe de gravação com seus bonecos. Numa oportunidade o boneco Sonera, começou a se dirigir a um espectador boquiaberto que assistia à exibição e quando o boneco põe em dúvida a masculinidade dele, o espectador vai a ignorância e por pouco o boneco e seu dono não saem ilesos do episódio.

Geraldo de Almeida informa que ele saia em caravanas com o Romeu quando Luiz Quagliato Filho era candidato a prefeito. Essas caravanas percorriam os sítios e as fazendas das redondezas e Romeu fazia a alegria das crianças da época.

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Um outro episódio atribuído a Romeu dos Bonecos, mas não confirmado, diz respeito a um homem que trazia a carroça com muito peso puxada por um boi O Romeu na voz do boi diz: “eu estou cansado, com fome, com sede, trabalho muito”. O dono do animal se espanta e o ventríloquo repete a brincadeira. O dono do animal fica com a consciência pesada quando entrega o suprimento diz que não trabalharia mais e conta o ocorrido Daí, surge a famosa frase ! A terra em que o boi falô”!

Contam também que Romeu chegou a atingir um grau elevado na maçonaria.

Com o declínio de suas apresentações tentou de tudo para sobreviver, tendo sido pedreiro, encanador, mecânico, dono de bar em Capivari e Indaiatuba. Mas o vício foi se tornando expressivo, ficou internado na Clínica de Repousos Indaiá. Em 1993, numa entrevista para a Tribuna de Indaiá assim se expressa “Eu sou alegre, sou humorista, mas minha vida foi se tornando um inferno, fui perdendo o sono, sentindo profundo tédio, um vazio que nem a bebida preenche . Se eu não acreditasse em Deus, já tinha dado um tiro na cabeça”.
Faleceu no ano de 2000 em Indaiatuba aos 77 anos e deixou um sucessor, seu filho Romeuzinho, o novo Romeu dos Bonecos.

Romeuzinho era servente de pedreiro e trabalhava para meu irmão Eduardo Battagin. Morava nas obras em que ajudava a construir até que meu irmão fez construir uma casinha com quarto e banheiro para ele morar, próximo do Estádio Ronaldão.

Romeuzinho herdou a habilidade do pai como ventríloquo e nas horas vagas começou a fazer suas apresentações. Numa delas meu irmão convidou o prefeito da época, o Borsari, que se impressionou com seu talento, assim como Cornélio Pires tinha se impressionado com o pai de Romeuzinho.

Foi contratado pela Prefeitura de Capivari para fazer apresentações nas escolas e também como auxiliar de eletricista. Contudo herdou não apenas o talento do pai como ventríloquo, mas também a afeição pela bebida. Sua carreira foi curta, tragicamente interrompida por ter sido atropelado e morto na Avenida Ênio Pires de Camargo, com sua bicicleta quando retornava do Restaurante Formigão, na Rodovia do Açúcar.

Quando ele morreu sua mãe e um irmão procuraram meu irmão, procurando as chaves da casinha em que morava, mas como ele não tinha orientou a procurar um chaveiro e assim os bonecos Justo e Sonera foram resgatados. Atualmente os bonecos estão de posse do filho Roberto, no Rio de Janeiro. Eles, contudo não tem o sotaque carioca, pois estão mudos.

Em Capivari ambos os artistas nunca foram homenageados, mas em Indaiatuba, existe uma praça com o nome Praça Romeu dos Bonecos, criada com a Lei Municipal 4814 de 19.1.22005

Nada mais Justo: o nome de um dos seus bonecos.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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