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René Descartes versus outros

René Descartes nasceu na França em 1596, ficou órfão de mãe muito cedo e faleceu cedo também, com 54 anos (1650). Estudou em colégio jesuíta, tornando-se militar no exército de Maurício de Nassau, contudo, bacharelou-se em direito, mas nunca exerceu tal profissão, formou-se e dedicou-se à filosofia, astronomia e matemática. Era muito introspectivo, talhado para o estudo de tais ciências. Aos 33 anos escreveu “Tratado sobre o Mundo” defendendo o heliocentrismo, não publicado por medo da inquisição.

Descartes seguiu a linha filosófica platônica do inatismo, diversa do cristianismo. Como Platão, Descartes ensinou que a alma, originada no mundo eterno das ideias, nasce sabendo tudo, moral, mental e espiritualmente, relembrando e desenvolvendo através do empirismo (estudando e praticando). Uns são mais inteligentes do que outros, dependendo do uso que fazem da razão, quanto mais se estimula, mais a razão se desenvolve.

O verdadeiro conhecimento não pode ser questionado, as incertezas devem ser solucionadas, só é verdadeiro se for confiável, correto e provado. Todos os seres humanos possuem a mesma razão inata, portanto, possuem a mesma capacidade de distinguir o conhecimento verdadeiro do falso de modo consensual. Caso não haja bom senso é porque alguém obteve o conhecimento por meio de outras vias, não pelas ideias inatas, e tal conhecimento é falso.

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O filósofo, diz ele, deve partir da dúvida, questionando sempre de forma metódica e hiperbolicamente a fim de saber se o conhecimento é verdadeiro, o bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo. Descartes disse ser necessário duvidar de tudo, até da própria existência. Uma de suas frases é: “Penso, logo existo”
Por meio de seu método deve chegar à veracidade: obter todas as evidências, aceitando só o que é claro, distinto; Deve dividir o problema em partes para solucioná-lo; sintetizar iniciando da parte mais simples para a mais complexa, da mais fácil para a mais difícil; enumerar as partes e revisá-las.

Descartes teve vários oponentes. O filósofo francês, físico, inventor Blaise Pascal (1623-1662) ofereceu sérias contradições ao racionalismo inato cartesiano. Pascal afirmou:

Conhecemos a verdade não apenas pela razão, mas também pelo coração é em vão que o raciocínio os combata. A razão é incapaz de compreender os princípios e isto, a humilha ao denunciar a sua soberba de saber tudo. Ela precisa reconhecer seus limites e finitudes. Há uma infinidade de coisas que a ultrapassam e a razão enfraquece-se se não reconhecer isso.

Se se submete tudo à razão a religião nada terá de misterioso nem de sobrenatural, será absurda e ridícula. Não há nada tão conforme à razão como a retratação da razão nas coisas da fé e nada tão contrário à razão do que a retratação da razão, nas coisas que não são da fé. Aquele que crê sem ter lido é porque o próprio Deus o inclina a crer, não é racional, mas por ter um coração acessível. Pensamentos, p. 29, 31. Folha de S. Paulo).

Pascal não nega à razão a capacidade de originar a inteligência através dos sentidos, porém, nega o seu monopólio racional em questão dos mistérios divinos e de tudo o que pertence à fé.

John Locke (1632-1704), estudou filosofia, medicina e ciências naturais, solteirão inglês, importante representante do empirismo. Exerceu grande influência sobre vários filósofos de sua época, entre eles, George Berkeley, David Hume e Etienne Condillac. Locke estudou Descartes e Platão e discordou de suas ideias inatas, produzidas pela capacidade de pensar da razão.

Para Locke, as ideias vêm da experiência externa, pela sensação, pela reflexão interna. Ele é considerado fundador do empirismo, defendeu a liberdade e a tolerância religiosa. Ensinou que o homem nasce sem conhecimento como uma “tábua rasa”, ou seja, a mente do nascituro humano é como uma folha em branco, que se preenche com a experiência.

Immanuel Kant (1724-1804) nasceu e faleceu na cidade, hoje chamada Kaliningrado/Prússia. Outro solteirão, filósofo, teólogo. Fundou a teoria do conhecimento chamada Idealismo Transcendental mostrando discordar do inatismo racional de Descartes, bem como do empirismo de Locke, pois, o conhecimento é obtido através da percepção da “coisa em si” (objeto estudado).

Como são contradizentes! “Não seja presa de filosofias e vãs subtilezas”. Colossenses 2:8..

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