Nos anos 70, quando tinha meus 12 anos e minha família morava no bairro Padovani, a minha irmã mais velha, que já era casada, morava no Bairro Fria, no sítio Enxofre, lá pelos lados do sítio dos Puche, e todos os domingos, meu irmão Gerson, com sua bicicleta levava eu, e minha irmã Damares para visitar a nossa irmã Joana e suas filhas Ester, Maria, Rute e o filho Paulinho.
Antes, porém, meu irmão parava na padaria da Dona Nena para comprar pão, e depois no Bar do Nhô João meu irmão Gerson comprava alguns doces, balas, para levar para eles.
Descíamos em seguida em direção à Fazenda Leopoldina pela estrada que se vê na foto, e lembro-me que depois de passar pela entrada da “barragem”, seguíamos pela estrada, margeando uns “tanques de restilo” que se localizava mais abaixo, onde se a gente atirava alguma pedra, o cheiro se intensificava e era horrível…
Após passar os tanques, andávamos muito por uma estrada deserta, até chegar num determinado lugar que tinha água corrente na estrada, como se fosse o “lava pés”, que chamavam de “água da Dona Antonia”, onde tinha muitas árvores e finalmente depois de horas de caminho chegávamos ao nosso destino.
Minha irmã, sabendo que era domingo, ia com os filhos até a curva do estradão, para ver se a gente estava chegando, parecendo adivinhar o momento da nossa chegada e ao nos avistarem ao longe, faziam uma festa, correndo ao nosso encontro.
Ao chegarmos, era nos servido um café fresquinho, acompanhado de polenta frita, feitos no fogão de lenha, o que era para todos um banquete sem igual…
Passávamos o domingo todo juntos, conversando, cantando hinos da nossa igreja, rindo, colhendo e saboreando frutos direto dos pés, depois ia andar a cavalo, depois uma caminhada, enfim o nosso dia era muito comprido e sobrava tempo para muitas aventuras e afazeres.
Mas quando chegava a hora de voltarmos para casa e deixarmos eles ainda com alguma claridade, pois tínhamos que aproveitar a luz do sol, para poder chegar antes do escurecer em Rafard, todos eles nos acompanhavam até uma altura do caminho, chorando, pois não queriam se separar da gente…
Mas, um novo domingo chegava, e lá íamos nós no sítio passar mais um dia de muita alegria, dias esses, que ficaram gravados na nossa memória, tanto que, hoje mesmo ao visitar minha irmã Joana, que hoje está com 82 anos, relembramos essa época com saudades, junto de suas filhas Maria e a Rute, que também a estavam visitando.
São simples lembranças de uma vida de paz e harmonia como essa, que nos faz um privilegiado por ter vivido uma época, em que apesar das dificuldades, éramos muito felizes, pois, mesmo sendo privado de muita coisa, tínhamos o mais importante: o amor fraternal!
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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