27/02/2015
Releitura de obras de Romero Britto no Sindicato dos Empregados de Capivari desperta olhares curiosos
Proposta é desenvolver uma nova visão ao sindicalismo, incentivando e valorizando os cidadãos do município, garante presidente Márcio Moreira
Com a intenção de “provocar olhares críticos” e transmitir a sensação de uma “perspectiva diferenciada” pelas pessoas, o capivariano, que também é professor de Artes da Rede Municipal de Ensino de cidades vizinhas, Carlos Adriano de Paula Leite, 40 anos, conhecido como Preto, alegrou os muros do Sindicato dos Empregados no Comércio de Capivari, com releituras da obra do pintor brasileiro, Romero Britto.
Assim como Britto, – o pintor, escultor e serígrafo brasileiro, Preto, aceitou o desafio proposto pelo presidente do Sindicato de Capivari, Márcio Moreira, que atende institucionalmente mais cinco cidades da região, para dar um novo conceito a Associação e levar a arte moderna ao acesso de todos, de maneira gratuita.
De acordo com Preto tudo foi riscado anteriormente no papel para que fossem garantidas as dimensões de proporções e cores, e mesmo assim, o projeto teve que ser alterado para garantir o tamanho no muro de 30 metros.
“Quando o Márcio me fez a proposta, achei a ideia maravilhosa. Eu já havia pintado sete muros, mas de Escolas, aqui, a proporção da pintura era maior, afinal o muro era bem amplo. Na hora de desenhar tive que inverter a ordem dos desenhos, mas tudo se resolveu”, disse.
Já o presidente do Sindicato, Moreira, considera que a proposta com a releitura e também com parcerias em projetos culturais, é o de desenvolver uma nova visão ao sindicalismo, incentivando e valorizando os cidadãos do município e gerir integrando a família dos sindicalizados também.
“Quero dar uma nova visão ao Sindicato. Levar cultura para todos, além de incentivar projetos educacionais. Apoiar ideias novas e retirar o conceito de assistencialismo sem retorno algum, para isso, ofereço outros meios para gerar mais conhecimento”, ressaltou Moreira.
As pinturas contaram com a ajuda de amigas de Preto, e inclusive uma delas é estudante de pedagogia. Ele dividiu as obras de Romero em cinco blocos que perduraram uma semana inteira de manhã ao final da tarde e mais quatro finais de semana entre sábados e domingos, pois, além das cores a parte dos contornos era o mais delicado, de acordo com ele.
“Primeiro fiz uma releitura do Abapuru de Tarsila do Amaral, mais chamada por Britto como “Abaperu”. Os outros são: Pôr do sol, palhaço, borboleta e o passarinho. Todos feitos em tinta PVA acrílica, que serve tanto para parede como tela”, citou o professor.
Preto utilizou para exaltar as obras do pintor moderno, um toque especial e particular revelando assim, a arte dele na reprodução, além de reconhecer no artista um ídolo conhecido pelo mundo.
“Pensei em Romero porque hoje no Brasil é o artista mais conhecido e que está em foco. O trabalho reluz as cores e as crianças adoram, e tudo que envolve o colorido chama a atenção, ressalta o pintor, entusiasmado com o resultado da releitura.
Ele cita ainda, que durante às pinturas, muitas pessoas paravam para ver as obras, questionar ou parabenizá-lo. “Paravam carros, crianças com seus pais para ver o trabalho, e sabíamos, que estávamos mostrando uma realidade diferente. A nossa cidade é pequena, são poucos que tem acesso aos museus e galerias e poder proporcionar esta visibilidade a todos de uma maneira geral, é gratificante”, destaca.
Para ele, o muro provocou não somente o olhar das pessoas, como também deu vida a um lugar e um colorido para a rua e na vida de todos, conforme conta dando o exemplo de uma senhora de aproximadamente 70 anos que mora no prédio próximo de onde estavam sendo realizadas às pinturas.
“A senhora me falou que tinha queimado o arroz duas vezes, por conta das minhas pinturas que ficava acompanhando pela janela de casa. O muro atentou demais as pessoas que passavam na rua, deu vida. A criança e o adulto gostam. Uma simples parede pintada de bege, tinha uma perspectiva e hoje mudou, após finalizar a releitura que temos esta noção”, frisa.
O professor graduado em artes plásticas e especializado em dança e expressão corporal, considera que o muro virou um ponto turístico e de referência para a cidade, por conta de pessoas até mesmo de outras regiões do Estado quererem saber mais sobre as pinturas e quem as fez. Ele também sugere que os professores se utilizem do local para ensinar os alunos.
“Apesar de ser uma releitura, atrai as pessoas. Falei para os professores trazerem seus alunos aqui, se for trabalhar com o pop art, arte moderna e grafite. Ver as pessoas que mesmo na correria param o carro e elogiam, é demais, pois elas mudam a rotina, tem um olhar crítico da obra em si”, diz Leite.
O autor da releitura vê que o Sindicato, por meio do presidente Márcio Moreira, – teve uma visão cultural e de arte importantes neste caso, apesar da parceria entre ambos ter início antes mesmo da pintura dos muros no espaço cedido.
“A parceria teve início entre Sindicato e Cnec com a “Oficina pedagógica de pintura”, que acontece na própria escola, é aberto ao público e as aulas duram 1 hora todos os dias, comigo ministrando. As aulas retornarão agora, no mês de março. Isso acontece graças à parceria do Sindicato com a CNEC”, assegurou Leite.
Ao finalizar, Preto diz que está aberto a novos projetos, seja no Sindicato ou em qualquer outro espaço. “Autoridades me procuraram demonstrando interesse em realizar este trabalho em outros espaços, isto me enaltece”, concluiu.