A letra de uma música cômica sertaneja, se não estou enganado de 1957, dizia: “Casamento é um buraco onde todos querem estar. Quem tá dentro quer sair, quem tá fora quer entrar”. Já naquele tempo o número de divórcios e separações chamava a atenção, no entanto, a porcentagem de desenlaces disparou, cresce assustadoramente e o governo ainda facilitou os trâmites legais para desuniões e novas uniões conjugais. São enormes os números de “ajuntamentos” e separações, há até casamento acordado para morar em residências separadas.
Segundo levantamento do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF), no ano passado houve um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2019, sendo que o mês de junho registrou o acréscimo de 18,7% sobre junho de 2019, e outubro foi o mês com maior número de divórcios até então – mais de 7,6 mil separações.
O número de divórcios realizados em cartórios no Brasil no segundo semestre de 2020 foi o maior da história, quando foram contabilizados 43,8 mil processos. São famosos os casos de Gretchen que se casou 17 vezes e Fábio Júnior 7 vezes, conformados pela atriz norte-americana já se casou 23 vezes.
Na avaliação do CNB, o aumento nas separações oficializadas em cartório pode ser reflexo do maior período de convivência no ambiente doméstico por causa do isolamento social. Mas a mudança também sofre influência da facilitação dos processos, que agora podem ser feitos pela internet.
Mas porque tantas separações? Tantas desavenças e desamor entre o casal, entre pais e filhos? Isto é irracional, a minha razão não entende um lar em que haja amor e simultaneamente discussões, brigas, espancamentos e até homicídio; assim como a escuridão não pode coexistir com a luz, o amor e a paixão são antagônicas e não concomitantes.
Não podemos concordar com a afirmativa do filósofo Blaise Pascal (1632-1662): “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. O amor irracional e insano é paixão cega, antônimo do amor. O amor tudo sofre, tudo suporta, mas conscientemente, de forma racional, embora não seja omisso. Quando José soube que sua noiva Maria estava grávida resolveu abandoná-la pois a amava e não quis difamá-la (Mat. 1:18-19). Jesus ensinou ser o casamento uma instituição bem mais sólida (Mat 19:3-11).
Amor é como um ser vivente, como a árvore, planta-se, cresce, produz ou morre. Para o seu plantio precisa limpar o lugar, cavar, regar, assim o amor exige conversas, simpatia, tempo. É necessário remover as ervas daninhas, fofar a terra, ou seja, tirar as más influências, cultivá-lo e declará-lo. O amor deve produzir folhas novas, flores e frutos, ou seja, gerar gentilezas, bondade, cooperação, enfim, fazer o outro feliz. A planta necessita essencialmente da luz do sol e da chuva, que Deus nos envia. Da mesma maneira o lar precisa das bênçãos do Criador a fim de fortalecer os vínculos entre marido e esposa, pais e filhos e entre irmãos.
Não é possível amar alguém que não se conhece. Também é certo que o amor se extingue paulatinamente entre o casal que vive distante. Quanto mais se convive mais se fortifica amor. Deve-se aproveitar a quarentena para fortalecer o amor no nosso lar. Contato físico, diálogo, declaração de apreciação, carinho, afeto, gentileza fortalecem o amor tanto quanto as expressões: muito obrigado, por favor, com licença, desculpe… Experimente.
Acostume-se a dizer aos filhos e à esposa(o) eu te amo, pôr a mão sobre o ombro, abraçar, beijar, acariciar o rosto, sorrir para ela(e). Elogio, reconhecimento e respeito são alavancas que elevam o amor ao divino. Dizer: Muito grato pelo almoço, está uma delícia; você está bonita. Obrigada porque você é bom e carinhoso. O maior erro é pensar que trazer o sustento é suficiente para fazer a família feliz! Amor precisa ser expresso. De tudo isto, o melhor é reunir a família e pedir que Deus abençoe cada filho(a) e esposa, mencionando nominalmente a cada um e solicitar que Jesus seja um hóspede contínuo no seu lar, fazendo dele um ninho de amor.
Não é a mim, mas à minha esposa e filhos que devem indagar se pratico estas coisas.