Leondenis Vendramim

Reformas 4

17/02/2017

Reformas 4

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Li em algum livro da escritora Ellen G. White uma frase interessante: “Reforma a igreja na tua casa”. Muitos criticam a instituição, o clube, a sociedade, a igreja e com razão. Em todas as associações há erros, defeitos, delitos e deliquescências porque são constituídos por homens – todos os homens são defeituosos, deliquescentes, uns mais outros menos, mas todos somos imperfeitos. A Palavra de Deus nos adverte: “Não há um justo, nem um sequer.” (Ro 3:10 – ler até o v.19). Portanto, um clube, uma associação e todas as igrejas são passíveis de erros, maldades e injustiças porque nós os frequentamos, neles expressamos nossos pensamentos e neles agimos. Uma ressalva parentética: é melhor estar numa igreja com o objetivo de aprender e apreender do caráter de Deus do que num clube cujos propósitos sejam extravasar toda a euforia à custa de pusilânimes companhias. Diz Paulo: “As más companhias corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). “Dize-me com quem andas e direi quem tu és” diz um provérbio.
Nossa política está corrompida porque é formada por políticos corruptos, eleitos por eleitores corrompidos, uns mais outros menos. Os juízes dos supremos tribunais são humanos e consequentemente incorretos moralmente, uns mais outros menos. A revista “Veja” publicou sobre a relação de amizade do juiz do TSJ Dias Tófoli com envolvidos na Lava Jato (Veja, 8/2/17). Nesta semana subsequente trás artigo sobre um verdadeiro complô contra a Lava Jato, maestrado e organizado com o fito de impedir a continuidade da investigação e ou tolher a punição aos renomados culpados. Gilmar Mendes, ministro da Suprema Corte disse: ‘Temos um encontro marcado com essas alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos de nos posicionar sobre esse tema que conflita com a jurisprudência que desenvolvemos’. Veja, 15/2/17, p. 48.
Alexandre Moraes, amigo de acusados na Lava Jato, foi indicado para ministro do TSJ em substituição a Teori Zavascki para facilitar a absolvição deles; o Senador Edison Lobão, implicado na Lava Jato, para presidir a Comissão de Constituição de Justiça, a fim de sabatinar Alexandre; o Senador Eduardo Braga, também citado por corrupção, para relator da CCJ; Moreira Franco citado na delação da Odebrecht, nomeado ministro para obter foro privilegiado e se safar de condenação. O próprio presidente Michel Temer, também envolvido nas delações, tem tratado sobre os rumos da Lava Jato com aliados como Renan Calheiros, Eunício Oliveira, José Sarney e Edison Lobão, sob as bênçãos de Jucá (outro envolvido pelas delações).
Nomeiam-se raposas para julgar outras raposas. A corrupção que o Juiz Sérgio Moro está tentando desvendar parece o amontoado de barbantes que minha mãe me dava para desembaraçar, não tinha fim, sempre tinha de cortar alguns nós. Se o próprio judiciário, que por força da lei tem a fé pública – perdeu o crédito, o que nos resta?
A corrupção é global, está por todos os países, em todas as classes. Onde tem ser humano ela se faz presente! Como disse Aristóteles: “O mundo envelhece apodrecendo”. Paulo: “… o homem vai de mal a pior” (2Tim 3:13). A escritora Ellen G. White preconizou: “nos últimos dias este mundo viverá dias de caos e muita turbulência quase incontroláveis”. “… cada vez mais perverso. Em breve surgirá grande desordem entre as nações… diante de nós estão preocupações com as quais jamais sonhamos. Estamos no início da crise dos séculos – fogo, inundações e terremotos, guerras e derramamento de sangue”. (Eventos Finais, p.5). Não é isto que assistimos diariamente? Entre torcidas de futebol, nas ações sindicais, nos acontecimentos físicos, na violência das facções do mercado das drogas, na homofobia, e até no fanatismo religioso (em nome de Deus).
Nisso tudo enxergamos urgentíssima necessidade de reforma. A única efetiva e plausível – a reforma pessoal. Se queremos reformar o mundo devemos reformar o nosso próprio caráter. Se cada um reformar a si mesmo, na família haverá mais amor e harmonia, na cidade menos ocorrência militar, no país mais progresso, a religião aprimorada e Deus mais honrado. Ah, sim, seremos mais felizes!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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