Artigo | Por Denizart Fonseca
Como os leitores puderam observar, este é um trabalho didático que por sua extensão, embora resumindo, ocupará mais de um capítulo, extraídos do “arquivo da nossa memória”, relatando aspectos deste hoje Município, citando nomes de famílias que vindas da Itália aqui, pioneiras, se estabeleceram com o profícuo e honesto trabalho braçal de seus componentes muito colaboraram para desenvolvimento de sua nova Pátria.
Não podemos deixar de mencionar a Família Braggion, liderada pelo Sr. Rodolpho que auxiliado por seus dependentes operavam na pequena indústria onde, preparados em laboratório próprio, produzia, engarrafavam e forneciam às “vendas” da região e aos bares locais, licores e concentrados para refrescos de vários sabores, como os gostosos capilé e groselha que não faltavam nos almoços ajantarados, com macarronada aos domingos…que também já não existem.
Encontramos também a Família Baena, vinda da Espanha operando em pequena fábrica de calçados, as confortáveis e úteis alpargatas confeccionadas com lona e cordas trançadas na base. Havia de vários tamanhos e cores e usados pela maioria das pessoas; homens e mulheres de todas as idades.
Pessoas dessa família, nas noites de projeção de filmes mudos, ocupavam parte dos degraus em frente ao então Cine Teatro Paratodos, vendendo pipoca, amendoim na casca ou torrado e paçoca que as pessoas degustavam durante o vai-e-vem na rua ou ao entrarem no cinema com bilhetes adquiridos de funcionário da proprietária, Empresa “Círcolo Italiano Uniti”.
Lembramo-nos que aos domingos pela manhã, no espaço do cinema antes do salão de projeção, os sócios do Circolo, acomodados em cadeiras permaneciam em reverente silêncio, mantendo os olhos cerrados, – alguns fumando cigarros de palha e a maioria cachimbo – para ouvir de um alfabetizado, a leitura do Jornal italiano Fanfula e depois em comentários relembrarem a saudosa e distante terra de origem.
No quarteirão da rua do vai-e-vem moças e moços trocavam olhares “tirando linha”, dando início a um namoro que quase sempre terminava em casamento, sendo a cerimônia civil realizada pelo cartorário “Seu” Queiroz e a religiosa na Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes. De acordo com suas posses o casal após a regulamentar festa com bolo e as vezes até baile em um dos Clubes existentes, seguia em lua de mel, em trem da Estrada de Ferro Sorocabana para Santos.
Sobre a origem do nome da Igreja Matriz, ouvimos do Sr. Luiz Lourenson nosso grande amigo e visinho há várias décadas, pedreiro excelente, competente profissional que: o terreno onde seria edificada a Igreja Católica, doado por um parente seu, cuja obra iniciada foi interrompida, devido problema financeiro.
O doador procurou então apoio do francês gerente da Societê de Siucreríe Brasiliene, que se prontificou a concluir a obra desde que levasse o nome que hoje ostenta.
Deixaremos sempre um espaço para prosseguirmos comentando as irreverências praticadas por pessoas que tendo ou não aqui nascidas, deveriam respeitar as normas tantas vezes comentadas sobre a prática da cidadania, lembrando dentre outras, da frase:- “ A limpeza de uma cidade reflete a educação dos seus habitantes”
Dias atrás delicadamente solicitando a uma mulher que lavava a calçada lembrando-a da grande falta de chuva e não sendo aconselhável aquele desperdício, fomos agredidos com as seguintes palavras: ”A calçada é minha e eu pago a água, gasto quanto quiser!”, numa demonstração da boçalidade que é portadora, ignorando que as calçadas foram doadas para pedestre, pelos donos da casa construída. Aliás, donos ninguém é de nada, nem da própria vida da qual somos, por poucos anos meros usuários, nada levando para o túmulo ao morrermos. Esperamos que essas pessoas mal educadas aprendam e cumpram a lição, o que para os bem educados será gratificante.