DO FUNDO DO BAÚ RAFFARD
Quem não se lembra do famoso “Circo do Piranha” que de tempos em tempos se instalava, ora em Capivari, ora na cidade de Mombuca (foto), e também em nossa cidade, onde a lona era armada no local onde hoje é a Padaria Carnelós, nas Casas Populares, e trazia alegria para criançada e para os pais, que tinham poucas opções de lazer.
Com alguma criatividade os proprietários do circo, Luíz e Márcia – que são tios do rafardense Marcos Villas Bôas – garantiam o divertimento das famílias que não perdiam a oportunidade de ver o show, e eventualmente até mesmo pessoas da cidade eram selecionadas para participar do espetáculo. Camila Garcia Santos que o diga, pois chegou a cantar numa das apresentações para deleite da plateia, que a aplaudia efusivamente…e o cachê? – Bem o cachê era uma garrafa de “fanta uva” não é mesmo Camila?
Toda vez que Piranha e sua trupe aportava por aqui, realizava o “Concurso do homem mais feio de Rafard”. E qual era o prêmio? Bem o prêmio para o vencedor, era 1k de linguiça…
Ah! Ia me esquecendo do espetáculo principal! A “Mulher Montanha” uma mulher muito forte, e de muita agilidade para na luta, e que desafiava qualquer homem a enfrentá-la na “luta livre”, e o prêmio para quem a vencesse era um bom valor em dinheiro. E não é que “Chibarro”- filho, ou seja, Valmir Almeida se inscreveu para a competição?
O carro de som percorreu as ruas da cidade de Rafard, Capivari e região apregoando a luta da noite: – Não percam o grande espetáculo! A grande luta: Chibarro versus a Mulher Montanha!
E não é que Valmir foi mesmo, e enfrentou a Mulher Montanha…só não sei se bateu ou apanhou, e também não sei se ganhou, pois não pude assistir, porque estava trabalhando.
Brincadeiras à parte, grandes nomes vinham se apresentar no Circo do Piranha, e com isso, ganharam projeção no meio artístico, pois com esse feito, tornavam-se conhecidos do público. Duplas, tais como, Cesar e Paulinho praticamente começaram a carreira nesse circo.
A dupla Milionário e José Rico, também esteve uma vez em Rafard. Barnabé vinha às vezes, mas “Nhá Barbina” já era figurinha carimbada, e participava de quase todas apresentações do circo.
Numa vez que o circo instalou na cidade de Capivari, vieram se apresentar num dos finais de semana a dupla Chitãozinho e Xororó, no outro dia o Trio Parada Dura, entre outros cantores.
E para finalizar havia um número dentre os espetáculos que chamava a atenção de todos: “Toni, o engolidor de fogo”, no qual o artista engolia espadas acesas, inflamadas de algum líquido, e assim que enfiava na boca e as puxava o fogo parecia ter sido engolido. Por ironia do destino, conta-nos Marcos Villas Bôas, que o Toni, veio a morrer carbonizado numa noite em que dormia e seu quarto pegou fogo…muito triste.
Em tempos de pouca tecnologia, e televisores em número pequeno, e em preto e branco, a oportunidade de ver algo diferente, tinha de ser aproveitada e com isso a casa de espetáculo se enchia de tanta gente, que era difícil até encontrar lugar para sentar nas arquibancadas que eram sempre improvisadas com tábuas, mas o importante era a alegria que contagiava a todos.
Tempo bom que deixou saudades…
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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