Foi por volta de 1960 que vim a conhecer realmente o saudoso Lôlo Ferracciù. Estava saindo do trabalho, em escritório de contabilidade, e o vi no jardim da Praça Dr. Cesário Motta, bem próximo do Coreto, em frente ao Cine Vera Cruz. Estava sentado num banco, lendo.
Conhecia, evidentemente, a família, pelos laços de parentescos com os Pagottos e os Giovanettes. O seu tio, Mário Ferracciù, tinha essa ligação conosco e o seu pai, Luís Ferracciù (Luisinho Ferracciù) comandava a Câmara Municipal de Capivari, tendo, ele, contato direto com o Departamento de Água, onde o meu pai trabalhava. Mas isto tudo nos idos de 1950.
No nosso contato inicial, no referido jardim, já nos anos 60, conforme mencionei, o Lôlo Ferracciú, portava um livro e cadernos de anotações. Estava aproveitando o tempo e o ar da praça central para o aperfeiçoamento dos seus estudos de propaganda e marketing – coisa ainda que pouco se sabia ou se aplicava no Brasil. Daí, dizê-lo de pioneiro ou mago nessa área. A partir dessa data, a nossa amizade duradoura, embora diferencial na idade: eu, na época, com 16 anos; ele, com 23 anos.
Estando em São Paulo, onde se projetou como empresário, professor, especialista em marketing e, até, jogador de futebol (o Palmeiras que o diga) por longas décadas, só voltou para Capivari, em definitivo, após um longo período de trabalho junto, principalmente, às montadoras de veículos. Refugiou-se na sua querida Capivari, com vivas lembranças dos seus tempos de mocidade. Mas já estava desligado de empresas e cátedra de ensino superior.
Não lembro dos últimos tempos, o quanto estivemos em conversas ou mesmo na troca de notícias e ideias, através da internet. Infindáveis contatos, solidificando as nossas tratativas. O conhecimento, principalmente do nosso passado na “terra dos poetas”, dava um tom nostálgico.
A última vez que estivemos juntos, foi em sua chácara, em Capivari, já no mês de setembro, junto com o meu filho. Depois, não tive mais notícias dele, que só me chegaram no dia 9 de novembro, através da Dra. Solange Hoppe, amiga dileta. Dizia-me que o Lôlo Ferracciù não estava bem e havia sido internado no Hospital da Unimed. Dessa data, então, o final da vida, ocorrido em 20 de novembro de 2023.
Tinha, o Lôlo Ferracciù, um amor sem igual por sua Capivari. Em inúmeras vezes enalteceu este seu sentimento, dando ênfase ao que a cidade proporcionava e proporciona a todos. Assim guardo, pois, com especial carinho, um depoimento dele, estampado no jornal O Semanário, de 7 de julho de 2023, falando da data de aniversário de sua cidade natal.
Eis, pois, alguns trechos de seu último escrito sobre Capivari:
“A Capivari dos meus sonhos: que mais se desenvolva, que cresça! Sonho para que Capivari seja melhor que maior”.
“Em meus sonhos, desejo uma Capivari vindo a ter cada vez melhor qualidade de vida, que resulta no mais curto caminho para maior felicidade de sua população”.
“Enfim, minha querida Capivari desfruta, a meu ver, de uma própria personalidade, de um espírito próprio, de um caráter alegre e descontraído e de um estado de alma que a norteia e a caracteriza marcantemente, distinguindo-a da maioria das cidades que conheci… e foram muitas, muitíssimas: é a “cordialidade” do seu povo. Desejo que se desenvolvas e que jamais perca essas “cordialidade”.