Opinião

Rafard – Memórias de um grande Seresteiro II

29/01/2016

Rafard – Memórias de um grande Seresteiro II

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)
Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Como poderão notar, estamos copiando o manuscrito pelo grande seresteiro Joel Ferreira, que por sua vez, nele colocou o que foi sendo lembrado, sem considerar sequência. Corrigimos o nome: Sra. Dona Assunção (esposa do Sr. João Quadros), não o publicado.
“Meu pai escrevia, também, sobre acontecimentos futebolísticos: Dia 22 de Junho, foi no sexto mês do ano / Sai de casa pra assistir União e Capivariano / Eu fui a pé pela estrada cheguei lá, que era só poeira / Mas guardei meu destãozinho e não paguei a jardineira / Quando vi o quadro no campo, eu fiquei desconsolado / Hoje nós apanha de cinco, se algum não for anulado / Na porta do gol do União, ali levantava terra / Chovia bola que nem bala, até parecia uma guerra / Sr. Bruno Turati ligeiro que nem um raio, distância de nove jardas tirou bola de Romário / Perto de terminar o jogo, alegrou meu coração / Faltando doze minutos, periquito pegou o leão/ Esse jogo de domingo, assombrou o povo inteiro / Quem tirou o papo do leão, foi o Sr. Ricardo Albieiro / É verdade que ganhamos, mas ainda não tá como eu quero / Nós queria ganhar de mais, ganhamos de um a zero / Depois do jogo acabado, pela linha eu vim sozinho / Pra alegrar minhas crianças, comprei destão de bolinho. Os seresteiros que acompanhavam meu pai naquela época: – Toninho Pagliardi, no violão, Leonel Gropo, no cavaquinho e Bruno Turati, no bandolim.”
Encerramos os comentários sobre o meu pai, o que farei agora sobre a minha pessoa.
Minhas professoras no Grupo Escolar de Rafard:- 1º. Ano – Dna. Altimira Gil / 2º. Ano – Dna. Olívia Gil – irmãs que vinham de Piracicaba / 3º. Ano – Sr. Oscar Stein – vindo de Capivari e Sr. Jordão Marins Peixoto que vinha da Fazenda São Bernardo / 4º. Ano – Dna. Branca Pellegrini Moraes Barros – depois, a substituta Sta. Louizete Gimenes, cujo pai José Gimenes (apelidado Bépe sapo), marido de Dna. Terezinha. Paródia nossa (música da marcha “Ó Jardineira”) sobre acidente com seu carro na volta de São Paulo onde fora com amigos assistir jogo de futebol do i me Palestra Itália:- “Ó Bépe sapo porque estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu / Foi o V-8 que bateu num poste, deu dois cambotes, mas ninguém morreu / Vem Bépe sapo, vem com chofer, não fique triste que este mundo é todo teu / Terezina é mais bonita que o V-8 que bateu.” (obs. – Pelo motor de 8 cilindros montados em V, o carro da Ford foi apelidado de V8). Alguns dos companheiros na adolescência:- Lelito, Donato, Cláudio, Tide Gropo e Ricardim.
Do “footing” entre o cinema e a Praça da Bandeira, que o José Maria de Campos se refere na página 71 no seu livro sobre Genaro Vigorito, eu também participei. Quero acrescentar que o “vai e vem” era ao som de chorinho por Darci Chiarini ao clarinete e seu irmão Vaíto na bateria e antes de ir pro cinema a gente comprava bala no barzinho da “Bega”.
Tive algumas paqueras em Rafard, mas minha “cara-metade” encontrei em Capivari onde as vezes a gente ia dar voltas. Era um “footing” maior, na Praça Rodrigues de Abreu, ao som de música do coreto. Na parte musical, a minha introdução em Capivari, devo a Toninho Sanches. Éramos crooners da Orquestra da Cultura Artística, cujo maestro era o Nagib. Eu cantava músicas brasileiras e o Toninho boleros.
A Orquestra tinha uns quinze integrantes, entre eles João Duarte Filho (saxofone) e Zenon Duarte no piano. Cantei também na Radio Independência, cujo responsável era o violonista Nicolino Tedesqui. Em Capivari conheci minha esposa Janete com que me casei no dia 28 de Maio de 1957. Nossas fotos de casamento foram feitas pelo Sr. Ulysses Pinto, pai do nosso ex-Ministro do Supremo Tribunal do Trabalho, Dr. Almir Pazzianotto Pinto e da Sra. Zilce.
Em 1954 perdi o emprego na Usina Rafard e fui pra S. Paulo, onde participei de vários programas de cantores novos, como “A Voz de Ouro A.B.C.” pela TV Record, em programa apresentado por Blota Junior e Sônia Ribeiro. Também trabalhei em várias empresas como a “São Paulo Alpargatas” que, em 1977 me convidou para ir trabalhar em sua nova fábrica em Tatuí. Na segunda-feira de carnaval de 1978, a Granero fez a minha mudança para esta cidade, onde resido com minha esposa e os meus filhos: Júnior e Jefferson, fiquei conhecendo muitos seresteiros e ainda participo das serestas no Clube da 3ª. Idade bem como no Conservatório”.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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