03/08/2015
Rafard e comunidade católica recebem as chaves da Capela São João de Itapeva; cerca de 200 pessoas prestigiaram evento
Celebração realizada no último domingo contou com missa seguida de galinhada, música ao vivo, quadrilha e apresentação da banda Bamados
RAFARD | As chaves da Capela São João Batista, localizada na Fazenda Itapeva, foram entregues oficialmente ao município e à Igreja Católica no último domingo, 26. Uma missa presidida pelo padre Pedro Freitas Rodrigues deu início à celebração, que também contou com o descerramento do pórtico (placa inaugural). Depois, o evento seguiu com galinhada, música ao vivo, quadrilha, entre outras atrações.
Após ser totalmente reformada pela Radar, a Capela de Itapeva foi entregue no papel a Rafard em novembro do ano passado, com mais 17,702 hectares de terra, que correspondem ao seu entorno. De acordo com o presidente da Câmara, Wagner Bragalda (PMDB), a reforma custou à empresa R$ 120 mil e o local marca a fundação da Comarca de Capivari, Rafard e Mombuca.
O evento contou com a presença de representantes de Rafard – prefeito César Moreira (PMDB), vice Carlos Roberto Bueno (PPS) e vereadores – e de Capivari – secretário de Cultura e Turismo, Alexandre Della Piazza. Ao todo, cerca de 200 pessoas participaram das comemorações. “Mas nós esperávamos mais”, admite Bragalda, que também lamentou a ausência de autoridades mombucanas. “Isso nos faz pensar que é um espaço que vai ficar só para Rafard gerir mesmo.”
Segundo ele, a Capela de Itapeva foi construída em 1795 e permaneceu como a única igreja da região até 1820. Apesar de sua importância, Bragalda disse que o evento foi organizado no “braço” por membros da sociedade civil e do poder público que integram a Comissão Intermunicipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Pedagógico de Rafard, Capivari e Mombuca. “A Prefeitura de Rafard nos apoiou, cedendo pipoca e algodão doce.”
A galinhada, por sua vez, foi servida pela Abaçaí Cultura e Arte. O diretor cultural da organização social, Toninho Macedo, marcou presença na celebração. Já a música foi comandada pelo locutor Chico Rebete, da rádio R FM, e a quadrilha foi dançada pelo grupo de terceira idade “Sempre Jovem”, de Rafard. A Banda Marcial Professor Dirceu Ortolani Stein – Bamados, de Capivari, também se apresentou.
Discurso
Confira o discurso do escritor J.R. Guedes na ocasião da festividade de entrega das chaves da Capela de Itapeva.
“Senhor prefeito de Rafard César Moreira; senhor prefeito de Capivari Rodrigo Proença, neste ato representado pelo seu Secretário de Cultura Alexandre Della Piazza; senhores representantes do prefeito de Mombuca; autoridades das empresas Radar e Raízen; reverendíssimo Padre da Paróquia de N. S. de Lourdes; vereadores da Câmara Municipal de Rafard – Wagner Bragalda e Daniela Parra; amigos Chico Rebete, Toninho da Abaçaí e outros mais; senhoras e senhores de Rafard, Capivari e Mumbuca; demais convidadas e convidados.
Antes, porém, devo enaltecer cinco figuras que muito fizeram pela Igreja de Itapeva e pelo evento: prefeito César Moreira, Wagner Bragalda, André Del Galdio, Heitor Turola e Túlio Darros (do Jornal O Semanário).
Vale, pois, nesta oportunidade, registrar o significado de Itapeva para nós desta região que compreende Capivari e Rafard.
A Fazenda Itapeva surgiu como sesmaria através de pedido feito ao governo provincial, pelo Padre João Ferreira de Oliveira Bueno, em 1795, portanto há 220 anos atrás. Como fundador desta propriedade, fez constar que a posse das terras que ficavam à “esquerda da estrada que segue para a povoação de Piracicaba, tendo o ponto central ou pião na barra do córrego Itapeva que desagua e vai ter ao rio Capivari”.
Como se sabe, Capivari se desenvolveu ao lado direito do rio, já que era mais fácil para se seguir a Mato Grosso, por pouco não sendo a sua origem na Fazenda Itapeva.
Sob a invocação de São João Batista do Itapeva ergueu a primeira capela que deu nome de Capela do Itapeva, com o primeiro altar de São João Batista.
Como curiosidade é mister dizer que em 1897, na localidade Picadão, bem em Itapeva, onde os seus pais eram jornadeiros, nasceu um dos maiores poetas brasileiros; Rodrigues de Abreu.
É dele estas palavras singelas: “Sempre revejo Rafard com o mesmo carinho com que a vi pela primeira vez. Rafard, sempre melhor, ficou na retina e no coração, simples e boa, com suas casas modestas, com a modéstia de sua gente e com a linda claridade que eu tinha na alma, quando a vi, naquela clara manhã de março de 1918.
Mas, Rafard, continuo a ver como dantes: ela fez-me voltar a quatro anos atrás. Um Deus piedoso a gravou na minha alma, a deixou parada na minha pupila, serena e clara, cheia de um grande trabalho sem ruídos inúteis; trabalho que se percebe, como as sementeiras por vir abrolhando e dando frutos”.
Caros e caras amigas.
E o poeta tinha razão, ao dizer “abrolhando e dando frutos”. E esta história é, na verdade, o próprio fruto de seus filhos e de seus amigos diletos.
Com efeito, reveste-se de enorme significado as tratativas que foram objetos de reuniões entre autoridades de Capivari e de Rafard, bem como de todos aqueles que abraçaram a causa e se sensibilizaram com o nosso real patrimônio histórico.
Não podemos deixar de enaltecer os enormes esforços que a Radar estabeleceu nestes últimos meses, principalmente pela sua figura de André Del Gaudio, sempre atento, solícito e receptivo às reivindicações que foram expostas.
Nem sempre se observa tal propósito em outras tantas empresas, já que o espírito do ganho, muitas vezes se sobrepõe aos interesses das comunidades. Isto fizemos questão de levar ao conhecimento da Radar, já que ela, rompendo com este estigma, traçou diretrizes e fez um ato de preservar o patrimônio da cidade e da região, sem medir esforços e contemplar uma série de iniciativas culturais.
O momento histórico é por de mais sublime, principalmente pelo aspecto da memória de Rafard e de Capivari, bem como a preservação do nosso passado.
É isso que nos leva a agradecer sobremaneira a Radar e seus representantes aqui presentes, pedindo-lhes para que levem aos seus mais altos diretores e associados, a nossa imorredoura gratidão.
É bem simples a nossa argumentação.
Capivari, por estar no contexto de sua origem, aqui em Itapeva. Rafard, por guardar tudo isto e, ainda mais, no seus 50 anos de existência, como município irmão de Capivari.
Nós todos, aqui presentes, que abraçamos a nobre causa, estamos dando, na verdade, um enorme passo de que temos memória e temos o sentido de um povo e de uma geração que cuida do seu passado e preserva a história nobre que nos envolve a todos.
Sublime, pois, é este momento e damos graças a Deus por poder compartilhar com esta data, ao ensejo dos 183 anos de Capivari e o cinquentenário do município de Rafard.
A presença da Radar, como empresa sustentável, de visão com os poderes públicos e com o respeito ao passado e a comunidade, deve ser um exemplo a outras tantas por aí que, pouco ou muito pouco mesmo, levam em consideração aos princípios do ganho e do município onde quer que seja estejam, conforme bem dissemos anteriormente.
A notícia, pois, desta harmonia entre cidade e empresa, deverá servir de estímulo a tantas outras que ainda titubeiam em dar um passo decisivo para a comunidade. A Radar deu sobras demonstrações para tal fim.
O registro deste fato marcante, também deverá ser um estímulo às novas gerações que, realmente, vão compartilhar com novos desafios e fazer do nosso passado uma imagem crescente do nosso presente e do nosso futuro.
Todos os que colaboraram com este feito, merecem os mais largos e fortes aplausos, porque determinaram que, embora com todas as vicissitudes, somos brasileiros e orgulhamos do que temos e do que desejamos que sirva de exemplo.
A Capela de Itapeva e suas adjacências, estão salvas de qualquer senão, já que a empresa passa, nesta data de 26 de julho de 2015, as chaves deste histórica região, deste pedaço de chão paulista, desta maravilhosa Itapeva, desta Igreja – símbolo unipresente da brasilidade que tanto nos dá largos e extensos sorrisos.
Caros amigos e caras amigas.
O nosso orgulho, neste momento, fala mais alto. Temos a certeza do dever cumprido e da nossa responsabilidade pela história e pela preservação dos nossos monumentos. A própria Capela de Itapeva é um exemplo edificante que nos enche o peito e nos arremata para o futuro do dever cumprido.
Parabenizar a todos pela iniciativa, principalmente partido da Radar, empresa que encampou o desafio e demonstrou o interesse pelo nosso patrimônio histórico e pedagógico. Em particular, mais ainda, esta digníssima diretoria que tem uma figura como o André Del Gaudio, hoje dignamente representado pelo Sr. Rogério Silva.
Empresa que não pensa tão somente nos cifrões dos seus negócios, mas também pela unidade indissolúvel de seus cidadãos, ao reformar, preservar e nos dar o que hoje a Capela de Itapeva representa.
Aos outros mais, daqui para frente, fica o compromisso irremovível de fazer com que este pedaço do nosso chão seja motivo de orgulho e de visitas. É o nosso passado que se encontra presente nesta edificação singela, simples, mas significativa para todos nós, que se chama Capela de Itapeva.
Parabéns, a toda essa gente destemida!”