14/11/2014
Radar e Prefeitura formalizam doação de terras
Entrega de mais de 17 hectares da Fazenda Itapeva foi oficializada na sexta-feira, 7; Prefeitura deverá construir cerca de 190 casas no local
RAFARD – A Prefeitura assinou, na sexta-feira, 7, documento que oficializou a doação da Capela de Itapeva, situada na fazenda de mesmo nome, e seu entorno, concedida pela empresa Radar. Agora, fica de responsabilidade do governo municipal comercializar lotes para pessoas de baixa renda nessas terras – as quais somam 17,702 hectares –, preferencialmente àquelas que moraram até este ano nas colônias da Radar.
A doação foi realizada na presença de vereadores, secretários municipais, representantes da proprietária da fazenda e da Raízen, integrantes da Comissão Intermunicipal de Prevenção do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Pedagógico de Rafard (formada em julho deste ano por membros da sociedade civil e do poder público) e moradores das áreas rural e urbana, além dos prefeitos de Rafard e Capivari, César Moreira (PMDB) e Rodrigo Proença (PPS).
“A Radar abriu o diálogo para escutar a demanda que veio de vocês, tanto da Prefeitura quanto da sociedade civil, e aqui está o resultado. É uma vitória de todos. E agradeço em especial à atenção do senhor Turolla, que moveu todo o processo para que chegasse nesse ponto”, disse o responsável pela divisão de sustentabilidade da empresa, André del Gaudio.
O ex-prefeito de Rafard e historiador Heitor Turolla, a quem Gaudio se referiu, moveu uma ação no Ministério Público em setembro do ano passado, pedindo a preservação da Capela de Itapeva, marco da fundação das vizinhas Rafard e Capivari. A partir daí, inúmeras reuniões aconteceram entre os prefeitos das duas cidades e a proprietária das terras de Itapeva, bem como encontros da Comissão com a Radar.
No início, o objetivo era definir ações relativas à igreja, mas após seu restauro, no último mês de junho, a empresa propôs comodato do bem à Diocese de Piracicaba, o que mais tarde se transformaria em doação a Rafard. Porém, em uma das reuniões, a Comissão fez uma contraproposta, solicitando que a Radar também concedesse o entorno da capela, a fim de conter as demolições das casas da colônia.
“A Radar e a Raízen reconstruíram a capela que estava definhando. Gastaram lá quase R$ 100 mil e eu acho que isso é o mais importante. Esse gesto que é o início de tudo, de que a Radar e a Raízen estavam mudando suas imagens em relação aos moradores da cidade”, disse o radialista Francisco Antonio Marques, membro da Comissão.
Em troca da doação das terras, a Prefeitura deverá desocupar as casas das fazendas Coqueiro e Leopoldina. As 16 famílias que perderão seus lares serão alojadas provisoriamente na Fazenda Itapeva. Além disso, César Moreira se comprometeu em construir cerca de 190 moradias no local, para abrigar primeiramente esses moradores e os demais que têm sido notificados a deixarem seus lares.
“Tem a Comissão que está formada e vai trabalhar junto com a gente e tem também um senhor que é da Fazenda Itapeva, funcionário da Raízen, Paulinho, que está trabalhando junto com a gente pra fazermos os acertos junto à assistente social, pra nós chegarmos num bom andamento e evitarmos atrito entre moradores, usina e Prefeitura. E vamos caminhar”, afirmou o prefeito pouco antes de assinar o documento.
Para o diretor de Indústria, Comércio e Habitação, Pablo Panza, a doação não teria acontecido sem o envolvimento de todos. “É uma grande vitória. Muita coisa vai acontecer por lá, porque lá é muito próximo do parque industrial. Então, quero agradecer novamente à Radar e à Raízen pelo fato de elas estarem sempre de portas abertas para fazerem as coisas acontecerem no município.”
Na mesma linha, o prefeito de Capivari, Rodrigo Proença, parabenizou o trabalho que César vem fazendo em Rafard. Segundo ele, as duas cidades possuem muitas áreas nas mãos de poucas famílias, o que dificulta os processos de construção de casas, aumentando consequentemente o déficit habitacional.
“Essa parceria é muito importante com a Radar e com a Raízen, que detêm 80% da área do município. Ainda bem que nós temos hoje uma porta que se abriu através do André, que faz esse meio campo e que nos permite hoje conversar. Vocês conheceram a realidade nossa, a dificuldade que a gente enfrenta. E eu me coloco à disposição de poder contribuir e preservar esses patrimônios históricos”, disse.
Satisfeito com a conquista, Francisco Antonio Marques, mais conhecido como Chico Rebete, resumiu o momento: “A usina está aqui pra fazer açúcar e álcool. E nós estamos para preservar o que é nosso. Se não tivermos interesse, nada acontecerá. Então, hoje é um dia de euforia desse coração de mais de 80 anos que está contente por um ato seu [sobre Heitor Turolla]. Do César, por estar entrando na história, assinando um documento dessa envergadura, do Rodrigo por ser partícipe dessa fotografia que vai passar para os nossos netos. É isso que estamos fazendo hoje, contando pra nós mesmos o que aconteceu quando nós nem imaginávamos estar aqui.”
Mas e a Fazenda São Bernardo?
Na ocasião, André del Gaudio informou que a Radar também já decidiu o que fará com a Fazenda São Bernardo. Segundo ele, está em processo a doação de 31 hectares de terra da empresa – os quais consistem na casa onde morou Tarsila do Amaral e seu entorno – à instituição Abaçaí Cultura e Arte, voltada à valorização da arte e da cultura em todo o estado de São Paulo. A iniciativa é inédita na Radar.
“A gente encontrou neles um grande parceiro pra poder receber a colônia São Bernardo, porque a gente entende que eles têm condição e peso para fazerem todas as obras de restauro que devem ser feitas para a promoção da cultura local e para utilização do potencial que a fazenda tem. A Abaçaí está recebendo isso em doação, mas é uma parceria, porque eles vão fazer o projeto e a Radar sempre apoiará”, explica.
