08/12/2017
Propriedade particular?
EDITORIAL | Pelo jeito algumas pessoas e grupos políticos insistem em achar que vivem na época do Coronelismo, se intitulando donos do poder e da cidade. Ora, vale lembrar que um cargo público não significa posse sobre algo que não é seu. Esses, que são meros representantes da população, devem ter consciência que ter a ‘batuta’ na mão, não passa de um simples status.
Infelizmente, a ‘guerra’ entre dois ou três grupos políticos que se revezam no poder de cidades por todo Brasil, extravasam o campo da verdadeira ‘Política’, que é governar e administrar com criatividade, rumo ao desenvolvimento e bem-estar da sociedade em questão.
Isso não é saudável, muito menos inteligente por parte dos que, quase que diariamente, se envolvem em discussões e polêmicas, atrapalhando o caminho de quem está ali para fazer alguma coisa de valor para o seu próximo.
Não há necessidade de citar nomes e nem contar histórias, a reflexão cabe a cada um, seja os que estão no poder ou os que ficaram no ‘grupo de fora’. O município é de cada cidadão que aqui reside, paga seus impostos e ajuda a comunidade.
Rejeição, decepção, reprovação! Esse é o atual cenário político brasileiro. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, seis em cada dez pessoas consideram ruim ou péssimo o trabalho dos políticos. Por que insistir em fazer parte desta estatística?
Já passou da hora de todos se unirem em prol do real desenvolvimento e deixar de lado o egocentrismo político-partidário, de agir isoladamente e questionar ser o ‘pai’ disso ou daquilo. Tem muita gente aí só querendo aparecer enquanto do outro lado, alguns se doam despercebidamente, por voluntarismo e amor ao próximo ou cidade que escolheu viver.
Os que governam, que tomem ciência de que estão ali pelo povo e para o povo. E os que estão de fora, se não for para ajudar, que não prejudiquem, afinal, o reflexo de tudo isso volta para a sociedade.
Torcemos, de coração, que a sujeira dos bastidores não continue a nutrir interesses escusos.
por exemplo, também há pressão. Porém no esporte a pressão misturada com a paixão, somada ao imediatismo do resultado a qualquer preço, torna a situação muitas vezes insustentável em um curto espaço de tempo.
Alguns profissionais do mundo esportivo conseguem se segurar um pouco mais por conta do que já fizeram no passado. Mas até esses, se o ambiente pressionar e não for mostrada qualidade, não vão aguentar.
Coloco tudo isso para dizer que Raí chega para ser o novo diretor de futebol do São Paulo com os dias mais contados do que nunca. A questão aqui é saber quando haverá uma divergência de opinião retumbante com o presidente Leco a ponto de Raí pedir o boné e sair. Ou saírem com ele…
Admirei demais Raí como jogador, e como ser humano ele demonstra grandes e louváveis características de liderança. Mas ele está sendo alçado a esse cargo, que é tão estratégico no funcionamento do clube, apenas por seu capital simbólico, pelo que fez no passado como jogador. Ele será única e exclusivamente um escudo para o presidente.
Quando o ambiente apertar, e ele vai apertar muito ainda mais nesse conturbado São Paulo, Raí não terá competência (nessa função) para responder. Ele se preparou para isso? Passou por qual clube antes?
Raí sabe onde está pisando, sabe com quem está lidando e mesmo assim aceitou o cargo. Se Leco, que já teve oito diretores de futebol sob sua batuta em pouco mais de dois anos, usou Rogério Ceni até onde foi estratégico e depois o demitiu, por que não fará o mesmo com Raí?! É só esperar o dia…
Um clube de futebol é grande por vários fatores: pela sua história, glórias, torcida, pelas pessoas que compõe o seu capital humano e diversos outros fatores.
E a questão de grandeza também é relativa. Real Madri e Barcelona, por exemplo, são gigantes mundiais. Flamengo e Corinthians são grandes aqui no Brasil – ou temos corintianos e flamenguistas em massa na Ásia, como no caso dos clubes espanhóis? Conheço até time grande dentro do futebol de várzea de uma cidade do interior.
Pois bem, vejamos o que fez a Chapecoense.Começou um trabalho do zero, da maneira mais trágica possível. Sabendo que sucesso no futebol é composto por sequência, conjunto e manutenção de filosofia de trabalho, o que poderíamos esperar da Chape?!
É verdade que erros foram cometidos. Por exemplo, o time foi dirigido por três treinadores nas 38 rodadas do Brasileirão: Vágner Mancini, Vinicius Eutrópio e Gilson Kleina. Mas quem imaginaria que essa equipe chegaria a Libertadores 2018?! Esqueça que é G-8 (um absurdo, concordo!). Pense que não havia jogadores, técnico e a maior parte do corpo diretivo há um ano.
Um clube como um todo é muito maior que a soma das partes. Há algo que vem de dentro, da alma, do simbolismo de um brasão, do imponderável, muitas vezes até do inexplicável (logo eu que gosto de saber o porque de tudo). A Chapecoense 2018 é o retrato disso!