29/06/2015
Projeto de extensão realizado pelo Campus Capivari do Instituto Federal valoriza o Batuque de Umbigada
Atividades estão sendo desenvolvidas desde março e vão até o fim do ano, segundo a coordenadora do projeto Maria Amélia Ferracciú Pagotto
CAPIVARI – Uma parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e a Prefeitura está realizando no Campus Capivari o projeto de extensão “Batuque de Umbigada: ritmo, história, memória, resistência e identidade cultural”. As atividades tiveram início em março e se estenderão ao longo de todo o ano, coordenadas pela professora Maria Amélia Ferracciú Pagotto.
Segundo ela, as ações têm como principal objetivo recuperar e valorizar o Batuque de Umbigada como expressão de resistência e afirmação da cultura e da matriz afro, evidenciando o papel dessa manifestação artístico-cultural na composição histórica da região. “São professores e três alunos bolsistas que atualmente se dedicam a estudar e divulgar a manifestação cultural popular de Capivari, Piracicaba e Tietê.”
Ao lado de Maria Amélia, integram o projeto os professores André Valente Barros Barreto, Irlla Karla dos Santos Diniz, Everton Barbosa, Maria Diógenes Marques, Silvânia Mendes Moreschi e Luciana Lima. De acordo com ela, as atividades, especialmente as desenvolvidas durante o último mês, estão repercutindo positivamente tanto na comunidade escolar quanto na comunidade batuqueira.
No dia 19 de maio, o prefeito Rodrigo Proença (PSS) visitou o campus para apresentar o projeto. O encontro também oficializou a parceria com o governo municipal, facilitando as ações conjuntas. Depois, no dia 26, aconteceu a roda de conversa “O que podemos fazer pelo Batuque?”, liderada pelo artista plástico Nori Figueiredo, doutorando em Artes pela Unicamp.
Figueiredo, que também é ex-diretor de Patrimônio Cultural, órgão ligado à Secretaria de Cultura e Turismo de Capivari, falou sobre as dificuldades de estabelecer políticas que apoiem o Batuque, sobretudo pelo forte preconceito sofrido pelas culturas de matriz africana. “No entanto, essa tendência tende a diminuir à medida que abrimos espaço para apreciação do valor da arte e do modo de vida que o Batuque preserva”, diz.
Dentre os temas levantados pelos alunos, destacam-se a história dos instrumentos percursivos (tambu, quingengue e guaiá), seu modo de fabricação, as ritualidades e a sonoridade envolvidas na construção musical do Batuque de Umbigada. A conversa contou com a presença de membros da comunidade batuqueira, como Marta Joana da Silva e Marcos e Rosangela Caxias.
E, no dia 28, ocorreu ainda a oficina de dança e roda de conversa “Brincando de Batuque”. Dessa vez, esteve presente a batuqueira Tereza Toledo que, ao lado de Marta, compartilhou tradicionais saberes sobre a arte. Além disso, vários aspectos da dança e dos rituais foram desmistificados, atraindo o interesse dos alunos, que lançaram várias perguntas às mulheres.
Mas, segundo Maria Amélia, “foi a socialização entre os presentes, a partir do clima de amizade, respeito e tolerância, que puderam fazer dessa brincadeira uma experiência de vida e de trocas mediada pelo ritmo, pela história e pelos corpos brincantes”. Paralelo às atividades, os estudantes estão construindo um acervo de obras e fotografias que, futuramente, será disponibilizado à população em forma de blog.
Início
As ações que valorizam o Batuque foram delimitadas no dia 2 de março. O encontro reuniu os representantes do movimento Marta Joana da Silva e Pedro Henrique do Nascimento, os professores do IFSP Maria Amélia Ferracciú Pagotto, Adelino Francisco de Oliveira, Tiago Pellim da Silva e Luciana Lima Batista, e João Carlos Silva e Vince, da Casa de Cultura Tainã, que fazem trabalhos com software livre.
Em seguida, no dia 18, Anicide Toledo, reconhecida como “A voz feminina do Batuque”, além de Marta e Paola Nunes e as professoras Luciana Abel e Alzira Pires de Souza Cruz estiveram no Campus Capivari para conhecer o projeto de extensão “Batuque de Umbigada: ritmo, história, memória, resistência e identidade cultural” e indicar possíveis parcerias entre a escola e a comunidade.