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‘Procuramos nos dedicar ao máximo e falar o quanto menos’, diz Proença

17/01/2014

‘Procuramos nos dedicar ao máximo e falar o quanto menos’, diz Proença

Concessão do estádio, reabertura da UTI e o mau cheiro na Pio XII são alguns dos assuntos da entrevista
Foto: Túlio Darros/O Semanário

CAPIVARI – Há exatos 309 dias de mandato, após 75 dias de atraso para assumir a prefeitura, devido ao processo movido pela Justiça Eleitoral, Rodrigo Proença, 39, revela ter cerca de 60% do plano de governo cumprido, metas estas almejadas por 16.445 capivarianos, os quais acordaram cedo – ou não – no dia 7 de outubro de 2012 e confiantes foram às urnas para eleger o administrador e ex-vereador a Prefeito de Capivari.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Semanário, Proença fala sobre o que já foi conquistado para a cidade, assim como os problemas que ainda existem em vários setores, sobretudo no que diz respeito aos serviços de utilidade pública. Dentre os assuntos polêmicos, o prefeito defende o pedido de concessão do Estádio Carlos Colnaghi ao Capivariano e questiona críticas feitas por vereadores.

Jornal O Semanário Regional: Em 2013, o que foi cumprido do prometido no plano de governo? Caso tenha alguma conquista importante que não constava no plano, cite, por favor.

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Rodrigo Abdala Proença: Nós já cumprimos 60% do plano de governo em algumas áreas e até 70% em outras, como foi o caso do desenvolvimento econômico, com mais qualificações e a vinda de empresas e novas indústrias na cidade. Além disso, tivemos a regularização do Distrito Industrial II, em frente à Microsal, e depois de 22 anos o Distrito Industrial I receberá pavimentação, com investimento de R$ 7,3 milhões.

Também tivemos a instalação da Mitsubishi, por meio de um investimento em torno de R$ 500 milhões e faturamento de R$ 100 milhões ao ano, assim como a geração de aproximadamente 150 empregos. E no final do ano, compramos um terreno de 121 mil metros para o Distrito Industrial III (R$ 2 milhões).

Na área da saúde, nós avançamos bastante, por meio das subvenções para a Santa Casa, regularização das consultas e das agendas e aquisição de novos pediatras e dentistas para os bairros. E em relação à habitação, vamos assinar o convênio das 225 casas populares.
Assim, conseguimos atingir grande parte do plano de governo, mesmo o tendo começado, infelizmente, com atraso de 75 dias, devido ao processo judicial que dificultou o início do mandato.

O Semanário: Quais foram as principais dificuldades no primeiro ano de administração?

Rodrigo: Nós assumimos a prefeitura com o município inadimplente. Os bloqueios e sequestros dos repasses que vinham para a cidade estavam bloqueados. Tivemos que regularizar essa situação, senão o município não conseguiria firmar novos convênios, nem trazer recursos do Estado e da União. Esta foi a maior dificuldade.

Também tínhamos dívidas com fornecedores e dívidas trabalhistas. Então regularizamos a situação e somente depois pudemos fazer novos investimentos. No entanto, estas dificuldades não nos impediram de investir em áreas importantes, como na educação. O reembolso escolar aumentou 30%: de R$ 990 mil em 2012, subiu para quase R$ 1,3 milhões em 2013.

As entidades assistenciais, como APAE, Lar dos Velhinhos, Santa Rita e Casa da Sopa receberam recursos que chegam a quase R$ 1,3 milhões, ou seja, 92% a mais do que foi investido em 2012 (em torno de R$ 660 mil).

O Semanário: O que a população pode esperar do seu governo em 2014?

Rodrigo: Pode esperar muito trabalho, como vem sendo realizado desde o primeiro dia. A gente tem trabalhado bastante. Procuramos nos dedicar ao máximo e falar o quanto menos. A gente vê hoje governos que falam, mas que executam pouco. Nosso governo tem sido diferente.

Graças a Deus esses resultados estão acontecendo até antes do esperado e vamos continuar dessa forma. Temos uma equipe fantástica, maravilhosa, de secretários que se dedicam, se doam, no dia a dia para que toda a demanda da população seja atendida da melhor maneira possível.

O Semanário: Avalie a saúde pública da cidade.

Rodrigo: Temos muito que avançar ainda. Muito já foi feito, mas nós vamos avançar mais em 2014, com a abertura do Centro Materno Infantil, no antigo Prédio da Terceira Idade [Avenida Belmiro Guitti], que é o atendimento especializado para a mãe e para a criança. Oferece desde ginecologista, pediatra, obstetra, até vacinação. Tudo em um único lugar. Com isso, vamos melhorar ainda mais o planejamento familiar.

Teremos também a abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), provavelmente, a partir de abril, com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e a reabertura da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa nos próximos dias, que é a entidade que mais recebe, hoje, recursos do município. Entre recursos estaduais, federais e municipais, em 2013 a Santa Casa recebeu aproximadamente R$ 7,8 milhões.

O Semanário: Quando você diz reabertura “nos próximos dias”, seria até o final de janeiro?

Rodrigo: Na verdade, essa questão fugiu das mãos da prefeitura. A Santa Casa precisa se adequar às exigências da Vigilância Sanitária Estadual (Visa), a qual irá autorizar a reabertura da UTI. Nós estamos equipando e ajudando, por meio de contatos que fazemos com empresas da cidade, para conquistar camas e parte dos equipamentos, mas a regularização depende do estado.

A Santa Casa tem procurado se adequar, e nós, como prefeitura, fomos buscar recurso junto a outros municípios. Para a manutenção mensal da UTI, por exemplo, é preciso R$ 300 mil. Metade desse valor, Piracicaba vai bancar (R$ 150 mil); R$ 80 mil é um dinheiro que vem do SUS, completando R$ 230 mil. E faltam R$ 70 mil, que vai ser de que forma: R$ 25 mil de Capivari, R$ 25 mil de Elias Fausto, R$ 10 mil de Rafard e R$ 10 mil de Mombuca. Assim, fechamos os R$ 300 mil, que é mais ou menos o custo diário (R$ 1 mil) de uma UTI com 10 leitos.

O Semanário: Quais foram os projetos voltados à preservação da natureza realizados no ano anterior? O que ainda será feito?

Rodrigo: Nós temos a Diretoria de Meio Ambiente, que é a Karen, hoje, quem comanda. Ela é uma pessoa fantástica e idealista. Muitas questões relativas ao plano de arborização da cidade já existem, mas primeiro estamos cuidando das heranças que nos foram deixadas, que são três lixões: Bresciani, Portela e Annicchino. Eles vêm de muito tempo, de administrações passadas.

As últimas, principalmente, os empurraram com a barriga e nós vamos ter que fazer a investigação confirmatória para saber o que existe nesses locais. É uma exigência da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) e já está na justiça, com multas sendo cobradas pelo município não ter feito essa investigação antes. Cada estudo custa em torno de R$ 300 mil.

Nós entramos em contato com um programa do estado chamado Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), para conseguirmos recursos, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para o tratamento de décadas desses lixões. E também estamos preparando o local para receber o Resto da Construção Civil (RCC).
Além disso, setembro de 2014 é o prazo limite para que as cidades se enquadrem nos planos de resíduos sólidos. A coleta seletiva, por sua vez, provavelmente se iniciará em julho na parte central.

O Semanário: O que você tem a dizer a respeito da polêmica criada acerca do projeto de concessão do Estádio Municipal Carlos Colnaghi ao Capivariano Futebol Clube?

Rodrigo: Isso sempre existiu. O município sempre investiu no Estádio Carlos Colnaghi para dar condições ao Capivariano Futebol Clube de jogar. E vou mais longe: o estádio foi construído em 1992 para o Capivariano, para atender as exigências da Federação Paulista de Futebol.

Nós queremos regularizar essa situação. Atualmente, não existe um contrato de cessão de uso parcial. E é essa a proposta que estamos apresentando aos vereadores, mas alguns quiseram desvirtuar a discussão, porque o vice-prefeito é filho do presidente do clube. Entretanto, no nosso plano de governo está “apoio total ao Capivariano”, bem como a regularização do estádio, no que diz respeito ao Corpo de Bombeiros, ao Ministério Público, à Polícia Militar e à adequação ao Estatuto do Torcedor.

Capivari sempre pagou pelas arquibancadas, sempre fez investimentos dentro do estádio. Agora, nós apenas queremos regularizar isso, fazer um contrato, para que o município se isente, sobretudo, de alguma briga de torcida que possa acontecer, o que acaba por penalizar a cidade, mesmo não sendo ela a responsável pelo evento. Mas infelizmente isso existe na política: pessoas que gostam de desvirtuar.

Porém, o projeto volta para a câmara em fevereiro. Nós iremos sentar com os vereadores para tentarmos explicar – àqueles que não entenderam o projeto, acredito eu – e fazer inclusive adequações, porque temos sugestões de alguns vereadores que são importantes e precisam ser incluídas.

O Semanário: O que o Governo Municipal tem feito para descobrir a origem e acabar com o mau cheiro na Avenida Pio XII, próximo à entrada do Parque Ecológico?

Rodrigo: Nós vamos acionar a Cetesb, por meio da Diretoria de Meio Ambiente, pois já temos algumas denúncias na ouvidoria. Somente o órgão ambiental pode analisar de onde vem o cheiro da Pio XII e qual é realmente a causa.

O Semanário: O mesmo odor pode ser sentido próximo ao Rio Capivari. A prefeitura ou a Cetesb têm tomado providências na fiscalização e resolução desse problema, que afeta o bem-estar dos cidadãos?

Rodrigo: O que acontece: questões ambientais de baixo impacto são de responsabilidade do município, mas esse caso eu acredito que já é competência da Cetesb. Por isso, iremos acioná-la, e então ela poderá fazer um levantamento.

O Semanário: Avalie a situação econômica de Capivari. Houve mudança significativa?

Rodrigo: Sim. Se você pegar o número de atendimentos no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), você vai ver que ele cresceu mais de 300%. Criamos uma secretaria itinerante, que é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico nos bairros. Nós levamos toda uma estrutura nos bairros, para as pessoas que tem dificuldade de ir à unidade durante a semana.

Nosso governo também vem fornecendo cursos de qualificação. Muitos desses cursos pagam para o aluno, ou seja, a pessoa recebe em torno de R$ 400 para se qualificar. Assim, nós tentamos provocar, chamamos, vamos aos bairros, mas infelizmente não conseguimos novos cursos, porque faltaram pessoas para fechar as turmas.

Dentro dos 70% do plano de governo atingido, no que diz respeito ao desenvolvimento econômico, estão esses novos cursos e a Mitsubishi. Fica faltando apenas o Centro Paula Souza, uma questão que estamos tratando junto ao Governo do Estado. A cidade tinha classes descentralizadas, na administração anterior, e perdeu. Com isso, hoje temos o trabalho de retomar as negociações, para trazermos o Centro Paula Souza de volta.

Temos uma infraestrutura nos distritos industriais, com gás natural, rede de esgoto e tratamento, e agora com a compra do terreno para a construção do Distrito Industrial III e pavimentação do I. Tudo isso faz parte do crescimento e do desenvolvimento econômico pretendido para os próximos três anos.

O Semanário: E houve aumento na arrecadação municipal?

Rodrigo: Todas as empresas novas que vem para a cidade, assim como as que estão se expandindo hoje, demoram dois anos para dar o retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Por exemplo, uma empresa que fatura R$ 100 milhões por ano, volta em torno de R$ 7 milhões para o município, que é a cota parte do ICMS.
Mas se ela começou a faturar esse ano, só dará retorno ao município a partir de 2016. Então, ainda não temos em números o quanto isso significa hoje.

O Semanário: Quais os planos de geração de empregos?

Rodrigo: Nós estamos trabalhando com várias frentes, que são os cursos através do Via Rápida Emprego, qualificando a mão de obra como diferencial para atrair novas empresas; a vinda do Centro Paula Souza e as parcerias com o Sebrae, com o Senai e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

E estamos preparando o município com toda a infraestrutura necessária, gás natural, água e esgoto, energia, além de doarmos terrenos para as empresas que participam de uma concorrência. No início do ano, criamos uma lei de incentivo fiscal, também para atrair novas empresas.

O Semanário: Como “anda” o projeto de expansão da cidade? Fale um pouco mais sobre os distritos industriais.

Rodrigo: Definimos esse ano como o ano do Plano Diretor. Ele foi criado em 2006, mas não está de acordo com Capivari, pois foi copiado de outra cidade. O Plano Diretor dá as diretrizes e faz com que o município cresça ordenadamente. Nós estamos revendo esse plano, com relação às áreas industriais, comerciais, de interesse social e habitacional.

O trabalho será feito até setembro de 2014. O secretário de Desenvolvimento Econômico Flavio Baggio é quem irá “puxar” a discussão, uma vez que é preciso seguir todas as etapas exigidas pelo Ministério das Cidades, como criar audiências públicas, consultar a população e fazer com que ela participe.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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