Normal os olhos do mundo se voltarem para o futebol em tempos de Copa do Mundo. É claro que vivo essa modalidade doze meses por ano, porque amo e trabalho com isso. Mas me interessa muito ouvir e tentar compreender, em períodos como agora, o olhar de quem não está tão inserido no jogo como eu.
E como já diria o filósofo antigo, o futebol imita a vida. Precisamos de heróis. Culpados. Guerreiros. Vilões. Seja fora ou dentro das quatro linhas. E me chama a atenção como grandes personagens do futebol estão indo do céu ao inferno em questão de minutos nessa Copa. Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, Tite, o VAR (sim, personificando aqui essa polêmica, mas necessária, situação) são colocados como deuses ou bandidos em um piscar de olhos. O meio termo passa longe. O bom senso nem se fale. O 8 ou 80 prevalece.
Como negar as virtudes futebolísticas de Neymar? Ele é o melhor de nossa geração. Desde os craques do penta em 2002 não tínhamos um jogador como ele. Mas seu comportamento é descabido e infantil em diversos momentos. Quando sente que é o ‘rei do pedaço’ como é na seleção e no PSG (mas não era no Barcelona) ele passa dos limites. Aqui, portanto, não tem em meu ponto de vista um ou ame ou odeie. Tem características. Algumas boas outras nem tanto: é um excelente jogador, que muitas vezes não tem controle emocional.
Messi não tem nenhum grande título com a seleção argentina. Ok. Isso é um fato. Uma constatação. Porém em nada apaga o que ele fez com a camisa do Barcelona. É o maior jogador que vi jogar em meus 32 anos de vida. Mesmo não tendo grande destaque pela seleção do seu país. Valeria aqui um parenteses gigantesco de como a bagunça do futebol argentino como um todo induz a baixa performance de Messi, mas o ponto aqui deste texto é outro.
Para terminar, vamos falar de Cristiano Ronaldo. Aquele que para muitos é mascarado. Para outros, por outro lado, um exemplo de profissional dedicado.Suas habilidades técnicas e transformação como jogador durante os anos trazendo a tona suas melhores habilidades não entram muito na discussão popular. E sim enumeram quantas vezes ele olha para o telão para checar o penteado.
Entendo a sociedade atual. Muitas vezes percepção é tudo. Só que isso deturpa a realidade. Ou enaltece demais ou derruba vorazmente. Parar e observar com mais profundidade e entender contextos, circunstâncias e ambientes é fundamental. Mas não agora, né?! Afinal, Copa é só de 4 em 4 anos…
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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