Nenhum resultado no futebol é por acaso. Fruto de sorte. Tudo tem uma explicação. Tanto a derrota como a vitória podem ser entendidas. Mesmo em um contexto caótico e imprevisível que é o futebol, somado ao imediatismo que domina os clubes brasileiros há um trabalho por trás de tudo o que acontece. E o Palmeiras de Felipão campeão brasileiro deixa suas lições.
Posto que aqui ainda vale o ganhar a qualquer custo, deixo para um outro momento o debate sobre se esse Palmeiras contribui para a evolução do nosso futebol. Talvez toda a cadeia envolvida, incluindo nós da imprensa, dirigentes e torcedores, ainda precise amadurecer com relação a algumas métricas e padrões que compõe o que se joga em mais alto nível pelo mundo.
Mas Felipão soube ler como ninguém o que especificamente esse Palmeiras precisava para superar as incertezas que tinha com Róger Machado. Tanto dentro como fora de campo. E tudo o que Felipão apresentou de melhor em toda sua carreira caiu como uma luva para suprir essas lacunas que haviam.
Não é preciso um olhar muito clínico para diferenciar os comportamentos de Scolari e de Róger. Quem te parece um líder mais convincente? E aqui não trago o currículo na análise. Trago comunicação, discurso, liderança, linguagem corporal, etc. Crie na sua mente uma imagem de ambos e responda quem parece ter um melhor controle do vestiário… no final das contas, a grande chave pode ser fazer os jogadores comprarem sua ideia…consegue ver ou um Felipe Mello ou um Dudu batendo de frente com Felipão? Eu não consigo. Pelo contrário, Scolari tem seu estilo paizão, abraça todo mundo, mas no final das contas as coisas vão acontecer do jeito dele.
E na parte de campo, o Palmeiras passou a jogar mais simples. Um jeito fácil de compreender. Se com Róger a marcação era zonal com Felipão passou a ser individual por setor. Se antes o Palmeias buscava um ataque posicional, com muitos apoios, agora o jogo é mais vertical, com mais passe longo, atacando com poucos jogadores e buscando chegar a meta adversário com o menor gasto de energia possível. Um jogo menos rebuscado, mas que o jogador brasileiro compreende rapidamente. Que não precisa de muito treino para ser implementado. Deu certo.
O Palmeiras é um clube estruturado para vencer. Em todos os aspectos. A dupla de diretores não estatutários Alexandre Mattos e Cícero Souza tem uma imensa participação nesse sucesso todo. Não é uma questão de ter dinheiro. O Flamengo também tem e está patinando. É saber usar com sabedoria os recursos disponíveis. Somada a eficiência de Felipão não poderia dar errado. Parabéns, Verdão. Melhor time do Brasil em 2018.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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