O futebol é apaixonante porque é imprevisível. Tudo pode acontecer. É uma caixinha de surpresas. Por trás desses chavões, há uma verdade absoluta sobre a natureza aleatória do jogo. Porém, nem tudo é acaso. Senão, não haveria a figura dos treinadores, preparadores, analistas e todos que trabalham para aumentar as probabilidades de suas equipes vencerem. O sucesso não é acaso. E não é acidente. E na figura de quem é pago para opinar sobre o jogo me sinto na obrigação de estudar e entender elementos para traçar prognósticos. Mesmo sabendo que tudo pode cair por terra em questão de segundos. Cravei há algumas semanas que o Corinthians seria campeão paulista. Só que para mim a final seria contra o Palmeiras e não contra o São Paulo. Acertei. Errei. Faz parte. Mas me posicionei com base nas minhas ideias.
Quando escrevo um texto ou falo tanto na TV como no rádio sou cem por cento razão. Para mim é muito fácil e natural tirar qualquer sentimento quando estou debatendo futebol. Juro. Minha vida não vai mudar em absolutamente nada se o campeão for ou o time A ou o time B. Reconheço que a paixão do torcedor é o grande alimento da indústria futebol. Mas eu sou um profissional. Minha torcida é pelo meu trabalho, pelas minhas emissoras. Me sinto extremamente confortável para falar tudo o que penso com base em minhas impressões e não por gostar ou deixar de gostar de qualquer clube.
Coloco tudo isso porque fui taxado de corintiano quando cravei o título da equipe do técnico Fábio Carille. Amigos e amigas: considerei vários aspectos para dar esse palpite. E nenhum deles foi sentimental.
O Corinthians seria, como foi, campeão porque tem o time mais equilibrado do estado. E aqui o termo equilíbrio tem o viés mais amplo, complexo e sistêmico que você possa considerar no futebol. É claro que ofensivamente essa equipe pode entregar muito mais. Porém o sistema defensivo corintiano consegue compensar quando com a bola o time não produz tanto. Por mais que possamos falar de tática, no final será o aspecto técnico dos jogadores que fará a diferença. Como negar o caráter decisivo de Cássio, Fágner, Ralf, Jadson (fora de forma, é verdade) e Vágner Love? O Santos tem esse tipo de jogador? O São Paulo tem? Talvez o Palmeiras tenha. Mas não com a fome desse elenco corintiano, brilhantemente comandado por Fábio Carille, técnico que de troféu em troféu vai alicerçando todas as suas competências técnicas e interpessoais. Sem falar no ambiente de jogo de Itaquera que é diferente dos demais estádios.
O ponto desse texto não é me vangloriar. Longe disso. O São Paulo foi gigante e poderia ter vencido nos pênaltis. Mas quero ressaltar que sempre que eu opinar sobre algo será com a razão. Com minhas convicções. Que podem falhar. Podem não ser verdade. Só que jamais usarei predileção por A ou por B. Não tem espaço para isso no meu trabalho.E escrevi tudo isso também para parabenizar o Corinthians. Não é o que joga mais bonito. Mas é o que joga melhor no estado de São Paulo. Merecidamente, o campeão.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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