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Por uma Igreja que escuta e acompanha

No relatório de síntese da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em sua primeira sessão, realizada no Vaticano de 04 a 28 de outubro de 2023, e com participação não somente de Bispos, mas também de outros membros do Povo de Deus de todos os Continentes, apresentou-se os mais diferentes temas referentes à vida da Igreja, depois de ouvir as pessoas com a consciência de que não é fácil escutar ideias diferentes e que as mesmas não são certeza absoluta. As muitas ideias apresentadas foram ouvidas com bastante atenção dentro da fraternidade evangélica.

Um dos temas destacados foi justamente o da escuta por parte da Igreja e o acompanhamento de todos os projetos em andamento.

“Escuta é o termo que melhor exprime a experiência mais intensa que caracterizou os primeiros dois nãos do percurso sinodal e também os trabalhados da Assembleia. Fá-lo no duplo significado de escuta dada e recebida, de pôr em atitude de escuta e de ser escutados. A escuta é um valor profundamente humano, um dinamismo de reciprocidade, em que alguém dá um contributo ao caminho do outros e recebe outro para si mesmo” (p.83).

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Ficou bastante claro que ser convidados “a tomar a palavra e ser escutados na Igreja e pela Igreja foi uma experiência intensa e inesperada para muitas das pessoas que participaram no processo sinodal a nível local, especialmente aqueles que sofrem alguma forma de marginalização na sociedade e também na comunidade cristã.

Ser escutado é uma experiência de afirmação e reconhecimento da nossa própria dignidade: é um poderoso instrumento de ativação dos recursos da pessoa e da comunidade” (p.83). No Sínodo Jesus foi colocado no centro de nossa vida.

No processo sinodal a Igreja encontrou com muitíssimas pessoas e com muitos grupos, especialmente os jovens. “A Igreja deve escutar com particular atenção e sensibilidade a voz das vítimas e dos sobreviventes aos abusos sexuais, espirituais, econômicos, institucionais, de poder e de consciência por parte de membros do clero ou de pessoas com cargos eclesiais.

A escuta autêntica é um elemento fundamental do caminho para a cura, o arrependimento, a justiça e a reconciliação” (p.84). Também se constatou que têm pessoas que se sentem marginalizadas ou excluídas pela Igreja devido à sua situação matrimonial.

No Sínodo a “Igreja quer escutar todas as pessoas, não só aquelas que sabem fazer ouvir a sua voz com maior facilidade. Em algumas regiões, por motivos culturais e sociais, os membros de alguns grupos, como os jovens, as mulheres e as minorias, podem sentir maior dificuldade para se exprimirem com liberdade. Também a experiência de viver em regimes opressivos e ditatoriais corrompe a confiança necessária para falar com liberdade. O mesmo pode acontecer quando o exercício da autoridade dentro da comunidade cristã se torna opressivo em vez de libertador” (p.85).

O Sínodo se questiona sobre o que deveremos mudar para que as pessoas que se sentem excluídas possam experimentar uma Igreja mais acolhedora. “A escuta e o acompanhamento não são apenas iniciativas individuais, mas constituem uma forma de agir eclesial. Por isso mesmo, devem encontrar lugar dentro da programação pastoral ordinária e da estruturação operacional das comunidades cristãs aos vários níveis. Valorizando também o acompanhamento espiritual. Uma Igreja sinodal não pode renunciar a ser uma Igreja que escuta e este compromisso deve se traduzir em ações concretas” (p.86).

REFERÊNCIA: SÍNODO 2012-2024. Uma Igreja Sinodal em Missão. São Paulo, Paulus, 2023.

Pe. Antônio Carlos D´Elboux
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Saltinho

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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