A Bíblia não nos apresenta a expressão “tem que ser 10%”. Seria um erro determinar o nível de nossa relação com o Criador usando a matemática. Deus não espera tão pouco de nós, e o que devemos a Ele não se mede nem se calcula, pois tem valor infinito, assim como são infinitas as graças que recebemos, sejamos dizimistas ou não.
O mais importante não são os números, mas o gesto: a presença da criatura diante do Criador em sinal de obediência, de aceitação, de fidelidade e de integração. É mais digno saber que aquilo que está sendo posto no altar é verdadeiramente fruto do trabalho honesto e que está sendo oferecido com alegria, sem ressentimentos. Deve também ser um gesto espontâneo e, acima de tudo, representar sacrifício. Se é apenas uma sobra, aquilo que não precisamos mais e que não fará falta, o gesto perde o sentido.
Os primeiros a oferecer resposta a Deus separaram a décima parte do que produziram. Poderiam ter separado a quinta ou a vigésima; são apenas números. A obediência a Deus deve ser mais importante, pois a fé não se mede com frios números, mas com a presença constante na “Casa do Pai”, ouvindo sua palavra, colocando-a em prática com gestos de justiça, demonstrando disponibilidade para acolher o irmão e preocupando-se, em primeiro lugar, com sua felicidade.
Quando a Igreja Católica deixa a critério de cada um o quanto oferecer a Deus, ela pede que sejamos justos. Quando não colocamos no altar o que seria justo colocar, estamos retendo para nós o que não nos pertence.
É bom lembrar: o que estamos negando está fazendo falta para tornar Deus mais conhecido, e nosso principal dever é exatamente anunciar o nome do Senhor a todas as criaturas. O dízimo é o meio mais prático que a pessoa de fé tem à sua disposição.
O melhor é ter uma conversa com o Criador, em clima de oração, para encontrarmos um valor que nos permita fazer justiça com a comunidade da qual fazemos parte.
Muitos católicos têm dúvidas se nossa Igreja exige mesmo 10% de dízimo e se é pecado contribuir com menos.
O pecado não é deixar de ser dizimista e não contribuir com 10%, mas sim ser avarento, e a avareza é um dos sete pecados capitais do ser humano. Cada católico deve levar o que julga ser justo; o que não pode é ser apenas o resto ou a sobra. Também não se deve contribuir com o dízimo contrariado e com raiva, pois Deus não quer o dízimo dessa forma, mas sim que ele seja dado com alegria e amor.
Pe. Celso de Jesus Ribeiro
Coordenador Diocesano da Pastoral do Dízimo