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Pescador é atacado por ariranha no Rio Capivari, em Rafard

23/01/2015

Pescador é atacado por ariranha no Rio Capivari, em Rafard

Osório Estanislau Neto, de 70 anos, foi mordido várias vezes quando entrou na água para tirar a rede de pesca; ataques desse animal são raros, segundo cabo da Polícia Ambiental de Americana
Pescador de 70 anos levou mordidas na barriga, na coxa e no braço esquerdos e na mão direita (Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Pescador de 70 anos levou mordidas na barriga, na coxa e no braço esquerdos e na mão direita (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

RAFARD – Um pescador de 70 anos foi atacado por uma ariranha no Rio Capivari, atrás da usina Raízen, unidade Rafard, na manhã de domingo, 11. Osório Estanislau Neto levou mordidas na barriga, na coxa e no braço esquerdos e na mão direita. “Eu estava indo buscar a rede e conforme desci na água o bicho veio e me grudou”, conta. Após andar cerca de três quilômetros sangrando em direção à portaria 2 da usina, foi socorrido por um motorista que passava pelo local.

“Quando cheguei na usina – eu sabia que lá tinha o guarda, naquela estrada de terra que vai pra Mombuca – dei sinal pra um [carro] que vinha vindo, passou que nem louco. Depois ele voltou para trás. Ele me viu todo ensanguentado. Daí ele chamou o guarda da usina, o cara da usina chamou a polícia [Militar da cidade] e a polícia chamou a ambulância.”

Como de costume, a vítima saiu de casa a pé no domingo, por volta das 7h, e seguiu até o trecho do rio para tirar os peixes da rede que havia armado no dia anterior. Nem bem começou e foi atacado dentro da água. De acordo com o pescador, é a segunda vez que o animal o ataca. A primeira foi há dois meses. “Vai ver ela quer proteger o peixe que é dela e vem em cima”, imagina.

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Segundo o cabo André Saltarello, da Polícia Ambiental de Americana, responsável pelos casos ocorridos em Rafard, o ataque de ariranhas é raro. “Elas só atacam quando estão em bando ou quando se sentem impossibilitadas de fuga”, explica. Para ele, é provável que Estanislau tenha feito um cerco com a rede que encurralou, sem querer, o mamífero. “Embora sejam de natureza selvagem, elas não demonstram agressividade com seres humanos e frequentemente se aproximam de embarcações por curiosidade.”

(Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Estanislau foi atacado por uma ariranha quando entrou na água para tirar a rede de pesca (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

Saltarello disse ainda que a ariranha estava em seu habitat natural e, por isso, cabe à Polícia Ambiental apenas sugerir à Prefeitura a colocação de placas de sinalização, alertando os frequentadores de possíveis ataques, como é feito nas orlas das praias em relação aos tubarões. O cabo frisou ainda que a prática da pesca envolve riscos e que, esse, é um deles.

“É ele quem está invadindo a área do bicho”, lembra. “A gente entende que é o meio de sobrevivência dele, mas então ele tem que mapear o local e armar a rede em outro lugar, e tomar alguns cuidados como não pescar sozinho. Tem que ter alguém para prestar socorro, fazer os primeiros atendimentos, caso necessário”, orienta Saltarello.

Mais comum nas bacias do Amazonas, Alta Bacia do Paraguai, do São Francisco e na Bacia do Paraná, nos dias atuais não é surpresa encontrar esse animal aquático à beira do Rio Capivari, segundo Saltarello. “Existem animais de todas as espécies, até de outros países, em nossa fauna”, afirma o cabo. “Existem os animais específicos de cada região, mas isso ocorre mais devido a várias situações: descontrole do meio ambiente; falta de alimento, daí o bicho migra; condições climáticas; e até por ações do homem, através do tráfico de animais.”

Apesar disso, a Diretoria de Meio Ambiente de Capivari informou que não há registro de aparecimento dessa espécie na parte do rio que passa pela cidade. O Departamento de Meio Ambiente de Rafard confirmou a informação, mas disse que “seria interessante e motivador pensar em encontrar este animal na nossa cidade”.

 Ataque aconteceu no Rio Capivari, em trecho localizado atrás da usina de Rafard (Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Ataque aconteceu na manhã de domingo, 11, no Rio Capivari, em trecho localizado atrás da usina de Rafard (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

Diversidade

O policial militar Osni Mello, que ajudou a socorrer Osório Estanislau Neto no dia do ataque, também acredita que a fauna silvestre está migrando de um lugar para outro. Lobos, quatis, saguis, tucanos, papagaios e até mesmo furões já foram vistos na região por moradores e pelos próprios PMs. “Ele viu uma sussuarana lá em Mombuca”, diz Mello, apontando para o colega João Silva.

“Foi domingo passado”, continua o outro PM. “Nós estávamos perto da chácara, amarrando as bexigas pro pessoal ver onde ia ser o aniversário, aí quando eu olho pra trás passaram quatro na estrada. Minha mulher correu para o carro”, conta. Segundo os policiais, as onças têm sido avistadas com frequência na zona rural de Mombuca, o que pode ser perigoso, adverte o cabo André Saltarello, da Polícia Ambiental de Americana.

Ariranha vive à beira de rios e só ataca quando se sente encurralada, segundo Polícia Ambiental de Americana (Foto: Reprodução/Internet)
Ariranha vive à beira de rios e só ataca quando se sente encurralada, segundo cabo da Polícia Ambiental de Americana (Foto: Morales/Age Fotostock)

“A onça sussuarana é um risco moderado. Pode até invadir o perímetro urbano”, diz. “Mesmo se a pessoa não estiver invadindo o habitat dela, na escassez de alimento, em último caso, ela pode atacar.” Para evitar isso, Saltarello recomenda que os moradores procurem o órgão ambiental responsável pelo município, a fim de que o animal seja capturado e reintroduzido em seu habitat natural, longe da cidade. “Eles vêm, mapeiam o local onde elas apareceram e colocam armadilhas para capturar”, explica. E reforça: “porque matar é crime.”

Quando pediu para uma enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS), onde foi atendido, procurar a redação do jornal O Semanário para contar o que aconteceu, Estanislau disse que só pensou nas crianças que podem ir até o local e serem atacadas pela ariranha, também. “Eu não penso em mim. Já passou, aconteceu, acabou. Mas e se levam algum moleque lá? Se pega uma criança, mata. O certo seria colocar algumas placas.”

– Mas e o senhor, vai voltar lá de novo?
Claro que vou.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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