23/01/2015
Personalidade e caráter
Artigo | Por Leondenis Vendramim
O estudo etimológico das palavras é um tema dos mais curiosos, motivo que me levou a escrever meu primeiro livro “A Curiosa Origem das Palavras”. O significado original dessas duas palavras também nos proporcionam luz e saber. Personalidade vem do falecido latim “persona” que por sua vez recebeu da língua grega “prósopon”. Prósopon é composta de duas palavras: pró (ante, à frente, antes) e sopón que é olho. O significado original é fisionomia, caracteres ou descrição da face. Passou para o latim designando as máscaras que os romanos antigos usavam nos teatros (a mesma pessoa interpretava vários personagens caracterizados pelas máscaras diferentes). Passou a denominar o personagem e depois a pessoa. Hoje prósopon é um aparelho que se coloca para examinar os olhos. Personalidade são as características de uma pessoa, é a sua descrição: física, mental, moral, espiritual, social, etc. Caráter também descreve uma pessoa em todos esses campos. Caráter vem do grego kara, que é: traços fisionômicos, descrição da face. (Só lembrando rosto quer dizer bico, focinho – o mais correto é termos cara e não rosto). Essas palavras têm sido usadas como sinônimos, entretanto se as diferenciarmos diríamos que o caráter é a soma de todos os bons e maus hábitos, algo gravado no ser humano e que se externa automaticamente. Já personalidade pode mascarar-se, fingir ser o que não é.
Caráter é formado por tudo aquilo que recebemos pelos cinco órgãos dos sentidos e que são repetidos no cotidiano, tornando-se hábitos, bons ou maus, que revelam o que somos.
Apesar de recebermos uma carga hereditária considerável, que exerce forte atuação na formação de nosso caráter e personalidade, ninguém se deve considerar condenado a ser um pária da sociedade ou abjeto moral, nem mesmo achar que será um vencedor inato. Somos o que desejamos e lutamos para ser. Não precisamos esforço para o mal, pois nossa tendência moral é para baixo, queremos o mais fácil, “levar lucro em tudo” ainda que custe ultrajar os direitos dos outros. Gostamos de receber o que não nos é devido, sentirmo-nos superiores, os mais estimados, mesmo que isso humilhe ao próximo… No entanto, para sermos honestos, trabalhadores, fiéis aos bons princípios, verazes, ainda que nos custe prejuízo, precisamos esquecer o “EU” e lutarmos com afinco para a prossecução do bem, do bom, daquilo que é moral, saudável e benevolente. Todos os nossos esforços são insuficientes, necessitamos da ajuda do Pai Celestial – que felizmente nos promete auxílio para tais casos. A luta é insana contra os males herdados, contra os maus hábitos adquiridos, contra nossos maus desejos e contra o maléfico e latente pensar egolátrico.
Santo Agostinho sentia esse fardo a arrastá-lo para baixo e para o mal. Ele sentia-se impotente para vencer seu pecado quanto ao sexo; ele orou certa vez: “Senhor dá-me castidade, mas não agora”. Lutero foi outro que lutou bravamente contra os seus males, autoflagelava-se com açoites, deitava-se em cama de mármore em pleno inverno germânico, tudo inutilmente.
Felizmente Paulo nos ensina: “Somos mais do que vencedores por meio dAquele que nos amou” Ro 8:37.
O certo é que o ser humano deve resistir aos apelos de maus amigos e dos vis prazeres oriundos do seu próprio interior. Diz um provérbio que “o homem deve se proteger contra si mesmo”. Outro ainda “O maior inimigo do homem é ele mesmo”. São Pedro fala de outro adversário: “Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda ao derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” 1 Ped 5:8.
Em suma, quase tudo corrobora para praticarmos o mal, mas cabe a nós mesmos construirmos um caráter digno do bom nome de nossa família. Apesar das dificuldades podemos ser vitoriosos. Quanto mais difícil a luta, mais saborosa será a vitória, portanto, avante! Além das nuvens negras há o sol a brilhar. Rumo à vitória!
