Pedro Reinaldo Rosa, 33, ou melhor, Palhaço Picolino, é o personagem que vem encantando os pacientes de hospitais da região que recebem sua visita com alegria e entusiasmo.
O auxiliar administrativo que dá vida ao Picolino conta que seu trabalho começou no hospital do Centro Infantil Boldrini, na cidade de Campinas, uma instituição de referência no tratamento do câncer infantil e doenças do sangue.
Pedrinho, como todos o conhecem na cidade de Rafard, onde nasceu, foi paciente do Boldrini quando tinha apenas 7 anos de idade. Na ocasião, diagnosticado com um câncer de baço, ele lutou pela vida, venceu mas logo aos 15 anos, a doença se instalaria no abdômen, obrigando-o mais uma vez a lutar, e conforme suas palavras, com a Graça de Deus, hoje está curado.
Há 2 anos conheceu um amigo, na Unicamp, o palhaço Picolé, que faz parte da equipe Hospitalhaços, uma Associação que nasceu em Abril de 1999 na cidade de Campinas. Entre pacientes, acompanhantes e equipe da área de saúde, mais de 456 mil pessoas são beneficiadas anualmente por este projeto, nos 11 hospitais onde o trabalho é desenvolvido.
O objetivo do Hospitalhaços é promover a humanização hospitalar, desenvolvendo atividades lúdicas realizadas por meio da figura do palhaço, implantando e administrando brinquedotecas nas unidades pediátricas, além de oferecer oficinas de artes plásticas para pacientes e acompanhantes.
O Hospitalhaços também desenvolve atividades culturais destinadas a comunidades carentes, como implantação, manutenção e administração de bibliotecas, produção de espetáculos teatrais e musicais, desenvolvimento de oficinas de artes plásticas e contação de histórias.
Rosa não faz parte do Hospitalhaços, mas eles o inspiraram a criar o palhaço Picolino. Juntos, Picolino e Picolé visitaram os hospitais da Unicamp, PUC e Beneficência Portuguesa.
Ele conta que é o único em Rafard a desenvolver e a se envolver nesse trabalho. E diz que está estudando a criação de uma ONG para capacitar jovens e adultos para a tarefa de alegrar internos nos hospitais da região.
Atualmente, Picolino visita o Hospital Santa Isabel, em Piracicaba. ”Eu visito setores de quimioterapia, de hemodiálise, pediatria e UTI”, conta. Para ele, é nessas áreas que estão as pessoas mais sofridas, “mais desanimadas e de mal com a vida”, emenda.
O Picolino é um palhaço que leva alegria para as pessoas. “Eu levo o violão, a gente canta, brinca, eu acabo dando meu testemunho; amo tudo isso”, fala o palhaço.
Perguntado sobre um fato que o tenha marcado muito, Rosa lembra que um dia, no Hospital Santa Isabel, em Piracicaba, encontrou uma menina de uns 12 anos, muito triste e chorando. Fala que no momento em que colocou os pés no local, bateu o olho na criança, se aproximou, começou a conversar, pegou o violão e tocou uma música do Luan Santana, depois do Patati-Patatá. Diz que foi ganhando a confiança dela e aí ela começou a contar sua história. Segundo o palhaço, a garota já tinha passado por 17 cirurgias e agora ia para a 18ª vez que operava de um câncer na cabeça. “Aquilo me comoveu muito”, lembra. Completa que logo em seguida, a menina e toda a família estavam cantando com ele e a tristeza tinha deixado aquele lugar.
“Quando eu vou ao Boldrini é uma satisfação imensa e a minha vontade é de ficar 24 horas no hospital, cantando, fazendo palhaçada e alegrando a turma”, diz.
Pedrinho recorda uma ocasião, num Natal, quando esteve na UTI da Unicamp: “tinha uma garotinha do Ceará que veio pra cá; ela tinha um bracinho deficiente e não conseguia bater palmas; então batia na barriga. Deu-me um abraço e um beijo. Aquilo foi gratificante”, conta emocionado o palhaço.
“Vejo muitas coisas assim, e para mim não tem preço que pague levar essa alegria para outras pessoas. Estou planejando visitar presídios, porque independente do que eles (presidiários) fizeram, são seres humanos”, explica.
Católico praticante, Rosa visita os hospitais de 3 a 4 vezes por semana, canta qualquer música que pedem, mas prefere as evangélicas, que trazem conforto e forças nesses momentos difíceis.
Também explica que 70 a 80% das doenças são curadas com a ajuda do sorriso e cita como exemplo os Doutores da Alegria, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que já realizou mais de 800 mil visitas a crianças hospitalizadas em hospitais de São Paulo, Recife e Belo Horizonte.
“Gostaria de dizer que se a pessoa quiser conhecer, não precisa fazer parte, mas apenas conhecer, eu marco um dia para uma visita. E estou certo de que muitas pessoas ficarão felizes e isso poderá fazer toda a diferença para alguém que precisa”, diz Picolino.
Quem quiser entrar em contato com o Pedrinho para conhecer melhor o Palhaço Picolino, é só ligar para (19) 92761534 ou pelo endereço eletrônico [email protected].