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Paixão

O dicionarista Aurélio define paixão como sentimento ou emoção levado a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão, cego, dominador, sensual; obsessão. Etimologicamente, vem do latim “passio” – “onis” oriundo de “pati” que se originou do grego “pathos”, e significa doença, dor, sofrimento, tristeza. Assim foi usado por Aristóteles.

Como a língua é viva, a palavra paixão evoluiu para significar, também um sentimento intenso, amor muito forte (nem sempre mau), incontrolável, dominador, irracional, egocêntrico. Pode ainda descrever uma atração ou desejo vicioso.

Com essa descrição concorda Friedrich W. Nietzsche (séc. 19) ao dizer que paixão é amor sexual, ‘mais claramente como ânsia de propriedade: o amante quer a posse incondicional e única da pessoa desejada, quer poder ser amado unicamente, habitando e dominando a outra alma como algo supremo e altamente desejável’. (FW/GC,14, KSA 3386).

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A psicologia concebe a mesma ideia, paixão é um sentimento forte, profundo, ardente desejo, um fenômeno no qual, o apaixonado projeta uma idealização que pode ou não fazer parte da pessoa que o atraiu. A paixão pode alterar o comportamento e o pensamento do apaixonado. (Portal de Periódicos da UEM) Pode mesmo transformar-se em amor, extinguir-se, e até tornar-se em ódio.

“A paixão pode ser uma fonte de sofrimento emocional quando não é recíproca ou quando não é possível satisfazer os desejos e necessidades envolvidos” … Como a filosofia grega do século 4 “Aristóteles considerava as paixões como elementos constitutivos da natureza humana e, por isso, não a estudava separadamente, mas dentro de um sistema filosófico que estruturava o ser humano.”

A língua grega tinha quatro palavras diferentes para descrever seus sentimentos: “Ágape”, o sentimento mais puro desinteressado, incondicional, imorredouro, como o é o amor de Deus pelos humanos, mortais pecadores e o amor materno pelos seus filhos, correspondentes ou não ao seu afeto, bonitos ou não, sejam perfeitos ou deficientes. Tanto Deus como a mãe dariam a vida para salvar seus filhos. (O mundo está tão corrompido e vil, que há mães que não poderiam ser assim chamadas).

“Storge” é o amor entre os familiares mais íntimos, entre pais e filhos, irmãos, tios, primos e outros mais chegados. É um sentimento de afeto, de pertencimento e defesa recíprocos, de encorajamento, conforto e segurança. É o que norteia e qualifica a sociedade alicerçando-a com seus valores morais proporcionando-lhe solidez.

“Philía,” (filia) sentimento afetivo de amizade entre amigos baseado na confiança, respeito, companheirismo, apoio emocional. Segundo Aristóteles, philia é baseada na virtude e no bem comum. É quando há trocas de sonhos e medo, tristeza e alegria, de felicidade e esperança.

“Éros” representa a paixão. Éros era um deus muito belo, que vivia apaixonando ardentemente, deuses e pessoas, uns aos outros. Sentimento erótico é desenfreado, fogo inextinguível enquanto seus desejos indomáveis, não são satisfeitos. (Portal de periódicos da UEM)

Os ensinos bíblicos, a psicologia e Nietzsche concordam em que a paixão é um sentimento negativo, pernicioso e oposto ao amor.

Nietzsche diz que a paixão é a obsessão doentia pela posse e domínio da pessoa ou objeto desejado. A psicologia vê a paixão como Aristóteles, uma pathos (doença). “É um fenômeno que nos faz perder a cabeça, que nos leva a buscar a fusão total com o (a) desejado (a), é o éros indomável, que transcende barreiras e fronteiras.” O (A) apaixonado (a) não tem limites, é incontrolável.

S. Paulo escreveu aos romanos sobre os pervertidos: “Como estes não se importaram em ter o conhecimento de Deus, Ele os entregou às paixões para fazerem coisas inconvenientes, estão cheios de prostituições, malícia, avareza, maldade, inveja, homicídio, contenda, engano e malignidade… (Romanos 1:28-31) Em Romanos 6:12 o apóstolo diz que a paixão reina para o mal: “Não reine, portanto, o pecado no vosso corpo mortal, para obedecerdes às vossas paixões”.

E aconselha aos cristãos a matar a natureza carnal, “a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, a avareza… por estas coisas vem a ira de Deus sobre os desobedientes”. (Colossenses 3:5-6). Com Paulo aderem 2 Pedro 1:4 “… torneis participantes da natureza de Deus, escapando das paixões deste mundo. E Judas (não o Iscariotes) diz: no fim os homens andarão segundo suas ímpias paixões. (Judas v.18) Fujam das paixões e dos apaixonados.

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