Leondenis Vendramim

Paciência, modela o caráter

Hesíodo cita, da mitologia grega, que o Titã Prometeu ensinou à humanidade a arte do fogo, e isso deixou Zeus furioso porque os homens teriam vantagem e decidiu dar ordem a Hefesto, o deus do fogo e da metalurgia, correspondente ao deus romano Vulcanus), para fundir da terra, uma mulher perfeita, muito bonita. Assim foi criada Pandora (“pan” significa tudo, todos, e “dora”, presente, doar). Atena a ornamentou com belíssimas vestes prateadas, Afrodite deu-lhe, beleza e sensualidade, Apolo, o dom da música, dança, Hermes, o despudor e a mentira, e uma caixa cheia de artigos malignos para atormentar os humanos. Apesar dos conselhos de seu irmão Prometeu (o que pensava antes), Epitemeu (o que pensava depois) casou com Pandora, que abriu a caixa de malignidades. Assim foi espalhado: pragas, doenças, mentiras, guerras e acabou com a bondade, paciência, paz, saúde e com a ventura da inocência.

Paciência é característica do bom caráter, a virtude de alguém paciente, capacidade de suportar dores, infortúnios, injúrias resignadamente. O paciente suporta as críticas imerecidas sem perder a calma e a concentração. Paciência é totalmente dependente do autocontrole.

Em casa, há de se aprender o autodomínio. A mãe exausta, multitarefada, limitada pelo tempo, tem de conviver e simultaneamente corrigir as crianças, precisa aprender a ter paciência. Custa-lhe esforço restringir palavras ásperas e subjugar sentimentos agressivos. Muitas vezes, o marido chega do trabalho cansado e com preocupações, às quais não vê solução, seus filhos querem sua atenção, a esposa necessita que lhe preste algum favor. Paciência! Quando esgotados, nada melhor do que elevar uma oração curta e silenciosa, pedindo tal virtude. O Pai misericordioso, ouve os pensamentos, suaviza os nervos, o ambiente voltará à bonança e reinará paz.

Aqueles que se sentem exauridos lembrem-se: “Não temas porque eu sou contigo” não te enerves, “porque eu sou o teu Deus, eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”. (Isa. 41:10) Sim, há um Pai misericordioso e presto a tranquilizar aqueles que lhe pedem.

Assim como o ourives molda o ouro bruto transformando-o numa joia delicada e altamente apreciada, a paciência modela o caráter tornando a pessoa rústica um ser gentil, amável. O sábio Salomão é claro: “melhor é o paciente do que o arrogante.” (Ecle. 7:8) É muito mais agradável conviver e relacionar-se com uma pessoa caracterizada pela mansidão e gentileza. Como Deus manipulou Adão, tornando-o perfeito física e moralmente, poderá nos dar bondade, mansidão, amabilidade e seremos então, como a luz é para os insetos a mariposar.

Há algum tempo, não tão distante, um homem tentou justificar o feminicídio por ele cometido, dizendo: “Eu matei porque eu a amava, não queria perdê-la”. Mas quem ama protege, “tudo sofre”. Quem mata por ciúmes é possessivo, egoísta, é maligno. Paulo diz: “O amor é paciente, benigno, não inveja, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal…” (1 Cor.13:4-5) Acrescento, o amor é gentil, amável, bondoso, não se porta com irascividade.

O caráter é formado desde o ventre materno pelas influências mentais e espirituais recebidas da mãe, até a sua morte, pelas influências do meio em que vive, e principalmente do seu lar. “A percepção das crianças é viva, e elas discernem o tom amorável e paciente da ordem imperiosa e impaciente que seca o orvalho do amor e afeição no coração dos filhos. A verdadeira mãe não afastará de sua presença os seus filhos pela impaciência e falta de compreensivo amor”. (O Lar Adv.242)

O conselho divino para a família é “Sede vós também pacientes.” (Tiago 5:8) “E ao servo de Deus não convém contender, mas ser brando para com todos, aptos para ensinar, paciente.” (2 Tim. 2:24)
Depois de passar pela perseguição, qual nunca houve, os salvos são descritos como santos que têm paciência. (Apo. 14:12) Tiago 5:11 registra: “Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o senhor lhe deu, porque o senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo. Jó é lembrado como o homem mais paciente da humanidade, perdeu propriedades, filhos, servos e sua saúde. Adquiriu uma enfermidade que o fez sofrer muito, à semelhança de fogo selvagem, que causa ardência como fogo, descama a pele, derruba os cabelos e causa mal cheiro. Nos primórdios os penfigosos raspavam suas chagas, dentro d’água, com cacos de cerâmica. Então, disse Jó: “Deus deu, Deus o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Continuou “íntegro e desviava-se do mal”. (ver Jó 1 e 2)

A melhor oficina para desenvolvermos a paciência é o lar, no dia a dia, onde pais e filhos sentem completa liberdade para expressar e requerer seus direitos e desejos. A perseverança no cotidiano familiar, enfrentando os dissabores, cansaço e provações vai forjando um caráter diamantado para resistir aos embates vindouros com maior paciência e receber a coroa imarcescível das mãos daquele que tudo suportou para nos salvar. “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado”. (Heb. 12:4)

Depois de fazer o bem, suportai as aflições com paciência. (1 Ped. 2:20).

Deus nos ajude!

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