Meu dia começa, quando acordo lá pelas 6 horas da manhã, e quase que automaticamente, ligo meu celular e sintonizando a Rádio Jovem Pan, vou até a Praça de Capivari onde faço minha caminhada diária, e assim vou ficando por dentro dos acontecimentos do dia anterior.
O hábito de sintonizar a rádio Jovem Pan, principalmente o Jornal da Manhã, adquiri há mais de 35 anos, de Faísca, na época em que ele morava na Rua Tietê, e eu ia até lá para dar um trato no seu visual, aparando os cabelos e a barba.
Sempre que lá chegava, depois dos cumprimentos de praxe, adentrava em seu atelier, onde ele estava com o rádio ligado, sintonizado na Jovem Pan, desenhando plantas de casas, e às vezes também tecia algumas redes de pesca, e a conversa entre nós fluía… falávamos sobre política e assuntos diversos, quase sempre aqueles que estavam sendo noticiados no momento pela rádio, através dos comentaristas Joseval Peixoto, Cláudio Carsughi, que sabia tudo de esporte, Reali Junior – correspondente em Paris, na França, e o “homem do tempo” Narciso Vernizzi.
Pelo fato de não sermos da mesma época, ou seja, pela nossa diferença de idade, não vi Faísca jogar bola, mas quem o conheceu e o viu jogar, sempre o elogiou, dizendo que ele se destacava pelo seu talento, ao ponto de, se assim o quisesse, poderia jogar em qualquer time de profissionais na Capital, tivesse ele a oportunidade de fazer um teste em um deles.
O lendário craque de bola do RCA, de quem os zagueiros da época tinham receio de enfrentar, e que coçavam a cabeça quando o viam entrar em campo, deixou muitas saudades em quem viveu naquela época de ouro do futebol rafardense.
Não posso comprovar, mas provavelmente esteja aí a explicação do apelido “Faísca” – a destreza e rapidez com que conduzia a bola, e deixava seus marcadores para trás, atônitos por não conseguirem pará-lo em campo…
A foto acima, que foi cedida pelo jornalista Cláudio Machado (na foto com Faísca), segundo ele foi tirada no começo de 1988 na famosa Rua Tietê, na casa onde morou nosso homenageado, e que era ponto de encontro para um bom bate papo dos amigos.
A casa da foto, bem como todas as casas vizinhas dessa mesma calçada foram demolidas, pois quando não há interesse em preservar a memória do povo de uma cidade, o que temos é restos de lembranças, que com o passar do tempo vão se apagando da nossa mente, e somente aquilo que fica escrito, como este pequeno relato, é que eventualmente poderá um dia servir de resgate, através de uma busca para se ter conhecimento de como era a vida dos nossos antepassados.
Grato por nos prestigiar com sua leitura e paciência, caro leitor amigo. Abraço.
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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