Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

Os mortos vigiam o cemitério?

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Um indivíduo foi pego furtando o Cemitério São João Batista, de Capivari, com objetos de bronze de jazigos.

Furtar cemitério pode, Arnaldo?

Seus inquilinos não podem reclamar nem representar na delegacia!

Publicidade

Realmente, aqueles que deixaram suas vestes físicas no túmulo estão habitando outros lugares na vida espiritual, e não têm mais interesse em ficar vigiando essa casa que foi apenas a última morada do físico exausto.

A não ser aqueles que eram muito apegados às coisas materiais, como os que caem na luxúria, glutonaria, vício em bebida alcoólica ou outras drogas, ou em cigarro. Por falar em cigarro, dados de 2015 apontam que um em cada quatro homens e uma a cada 20 mulheres sofrem com o vício do tabaco. O total de pessoas que fumam diariamente está na casa de 1 bilhão.

Essa alta adesão ajuda a escancarar a letalidade do cigarro, que também leva as pessoas ao túmulo. Estima-se que o hábito seja responsável por uma em cada dez mortes no mundo, levando ao sepultamento 7 milhões de vidas anualmente. No Brasil, os dados apontam que temos 18 milhões de fumantes, e que o fumo enterra 156 mil vítimas todos os anos.

Voltando a falar de outros apegos materiais que nos influenciam sem que precisemos fazer nada para tanto, basta ficarmos ociosos, pensarmos negativamente e com interesses egoístas e viciosos.

No livro Sexo e destino, o senhor Cláudio, um bancário, está em casa lendo o jornal e gosta de tomar uns tragos (alcoolista). Junto com sua família, esposa e duas filhas, moram dois homens que não têm mais o corpo físico – morreram e não perderam o gosto de beber. Então o Cláudio pensa no whisky e vem um deles, Moreira, e o abraça e vão beber juntos. Senta e depois de alguns minutos vem a vontade – é a vez do outro parceiro (morto) que o abraça, e vão juntos para o segundo gole.

Em princípio todo ser humano é simples e ignorante, entretanto todos têm gravado em sua consciência as leis divinas. Porém, podemos anestesiar esse “instinto divino” a partir dos desleixos, ociosidade, maldades e vícios diversos quando preferimos a nossa lei (satisfações e paixões) à Lei de Deus.

Se desejamos a influência dos bons e sua presença, precisamos exercitar o amor e o conhecimento, fazer o bem e buscar o progresso moral e espiritual. Para isso, é claro que o amor ao próximo vem sempre em primeiro lugar – fazer o bem sem esperar recompensa. Como ensinou Warren Buffett: “Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo”.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo