Estou muito curioso para acompanhar a evolução do trabalho do português Vitor Pereira à frente do Corinthians.
O desafio de todo treinador quando chega em um novo clube é diminuir a distância e ser assertivo entre o que “quer fazer” e o que “dá pra fazer”.
É claro que o técnico estrangeiro tem um empoderamento maior no ambiente. Digamos que inovar é um pouco mais fácil para um profissional que vem de fora do que para um “doméstico”.
Porém em alguma intensidade a ruptura com Vitor Pereira irá acontecer, já que o que ele pensa de futebol está muito distante do que vem sendo feito, salvo alguns curtos períodos, há mais de uma década no Corinthians.
A equipe de Parque São Jorge foi vitoriosa com Tite, Mano Menezes e Fábio Carille tendo uma ideia macro muito semelhante.
Claro que algumas particularidades eram específicas de cada time, já que jogadores diferentes geram conexões também diferentes.
Mas podíamos identificar padrões muito claros que permaneciam ao longo dos anos. Por exemplo, o bloco defensivo variando do médio para o baixo, a linha defensiva sempre com quatro jogadores tanto para defender como para atacar numa construção bem sustentada.
Para atacar, e na própria transição ofensiva, a ideia prioritária era o passe vertical, tentando chegar ao gol adversário com poucos toques.
Na transição defensiva, uma busca imediata pela recuperação da posse, porém após alguns segundos já uma recomposição da organização defensiva.
Agora, Vitor Pereira demonstra gostar de outros mecanismos, como a saída de bola com três e não quatro jogadores, o goleiro participando da construção e jogando adiantado para fazer coberturas, já que o bloco de marcação também fica adiantado.
Para atacar, jogadores bem abertos dando amplitude, buscando sempre triângulos, mesmo que isso gere passes para o lado e para trás várias vezes.
E para executar essas ideias o grande dilema será a escolha dos jogadores. Cássio será esse goleiro que joga com os pés e fica adiantado fazendo coberturas? Gil terá velocidade para acompanhar os atacantes adversários quando vier uma bola longa? Fágner conseguirá jogar por dentro tendo outro jogador aberto pela direita?
É esse tipo de questionamento que será respondido com a sequência de jogos… entretanto a questão central para Vitor será ter o máximo de eficácia com o mínimo de atrito entre o que ele quer fazer e o que de fato dará para fazer.