ArtigosRubinho de Souza

Oh! Saudades!

“Saudades do tempo em que se tinha tempo… pois, sabíamos levar a vida sem pressa, ao sabor do vento.
Éramos educados desde criança para ter paciência, esperar a hora, mesmo sem saber…

O almoço, o jantar eram todos preparados no fogão à lenha, cujo processo era demorado. Primeiro coloca a madeira, depois acender o fogo, assoprar para o fogo espalhar, depois tinha que controlar as chamas, mas, no final tudo valia a pena, e muito, pois o sabor era incomparável!

A água era tirada de poço com balde que descia com corda, os quais tinham nos quintais das casas. Depois a água era colocada em filtro de barro. Era preciso ter a paciência de esperar que cada gota fruísse pelo filtro, e a água era geladinha e com leve gostinho de barro. Quando o balde se soltava dentro do poço, era usado um gancho para “pescar” e trazer o balde de volta.

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Nesse tempo, não se jogavam fora quase nada, as roupas que descosturava, eram reparadas à mão pela nossa mãe ou vó, e até as meias, colocava um ovo dentro para facilitar a costura. Os calçados, na maioria de couro, eram levados aos “sapateiros” para colocação de salto novo ou meia sola. Se eventualmente um canecão furasse, levava-se ao conserto. Latinhas de conservas, viravam canecas.

Meu saudoso pai sempre nos contava que os primeiros “móveis” do seu casamento, a maioria foram feitos manualmente por ele. E com essa habilidade que adquiriu, consertava tudo em nossa casa e até para alguns vizinhos.

Nossa forma de comunicação mais comum com os parentes distantes, era por carta e às vezes, dependendo da distância, demorava meses para que houvesse resposta de nossas cartas, pois dependiam do correio que se servia de trens.

Oh! Saudades!
Oh! Saudades!

Ao chegarmos da escola, todos os colegas saíam às ruas pra brincar. E nossas brincadeiras eram assistidas pelos mais velhos, que muitas das vezes riam e outras vezes, servia de árbitro em algumas questões. Assim era a nossa vida, assim fomos ensinados a respeitar os mais velhos…

Hoje o tempo é outro! Temos uma geração que têm tudo em um minuto, e ainda assim a ansiedade domina a todos!

O tempo passou. Tudo mudou e onde é que a gente se perdeu?

As portas se trancaram, as famílias se enclausuraram e as brincadeiras de rua não existem mais.

O que foi que aconteceu? Esquecemos de repassar aos nossos filhos os ensinamentos de nossos pais e de nossos avós?

Essa geração nunca saberá como é o gosto de arroz e feijão preparado em um fogão à lenha, nem o perfume que tem um doce de laranja em calda, preparado por pessoas que não tinham pressa no fazer as coisas. Ou de um bolo de fubá com sementes de erva doce, assado no forninho de barro. Nem mesmo o sabor dos bolinhos de chuva fritos para o café que acabou de passar, num fim de tarde frio de sol alaranjado, depois de um cochilo, batendo papo sem pressa com pessoas que gostamos…Quê pena!

A vida pode ser maravilhosa quando a gente resolve amar os detalhes. Pensem nisso!logo do fundo do baú raffard

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