Leondenis Vendramim

O que é mais importante?

07/10/2016

O que é mais importante?

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | O que é mais importante: a inteligência, a sabedoria ou o talento? Li uma meditação “Um Olhar para o Céu”, de Marco Benedicto, exímio escritor, 1/5/2016, “Talento é quase tudo que conta” certos fatos que ilustram este quesito, e tomo a liberdade de reconta-los.
Um deles fala a respeito de Timantes, um talentoso pintor grego do século 5 a.C. Ele pintou uma obra de arte admirável. Timantes ficou tão empolgado que passava muito tempo contemplando o quadro. Certa manhã ao chegar ao atelier ficou furioso porque seu quadro estava todo borrado. Foi desabafar com seu mestre. Seu mestre confessou o crime e disse-lhe que fizera isso pelo bem dele, pois perdia tempo em admirar o quadro e não progredia. ‘Comece de novo e veja se você pode fazer melhor’, disse o experiente artista. Timantes aceitou a lição. Recomeçou a tarefa e pintou o “Sacrifício de Ifigênia” considerada uma das mais sensacionais pinturas da antiguidade. (Ifigênia era filha de Agamenon, descendente do deus Zeus da mitologia grega). Dizem que nos destroços de Pompeia foi encontrada uma cópia desse quadro.
Outra lição nos vem de Bertoldo di Giovanni (1435-1491), um dos mais famosos escultores da renascença italiana, mestre de Michelangelo (1475-1564) o maior artista pintor, escultor e arquiteto da Renascença. Certo dia, ao chegar ao estúdio notou que seu aluno Michelangelo estava criando uma obra abaixo de sua capacidade, distraidamente. O mestre esmiuçou a arte do pupilo com um martelo e esbravejou: ‘Michelangelo, talento é fácil; dedicação é difícil’. Não se necessita de esforço para obter talento, nasce-se com ele, mas precisa-se de muito trabalho e disciplina para o seu desenvolvimento. Michelangelo aprendeu a lição. Ele concluiu as obras de Donatelo; foi o pintor e escultor mestre da escola fundada por Lorenzo de Médici, o Magnífico, esculpiu “La Pietá”, “O Juízo Final”, “Moisés”, “Davi”, “A Criação de Adão”, pintou a Capela da Cistina. Ao esculpir “Moisés” para o Mausoléu do Papa Júlio 2, procurou expressar a fisionomia do Papa e esculpiu também “Escravos” de Júlio 2.
O escritor Geoff Colvin diz que talento não é o fator mais importante para o sucesso de uma pessoa. Para ele “além do talento e do contexto familiar/social favorável, é necessária a prática intencional. A pessoa deliberadamente tem que se concentrar e procurar aperfeiçoar o talento.” Marco Di Benedicto, Meditação Matinal, 126.
Talento era uma moeda de ouro da antiguidade grega citada por Mt. 25:15, valia 6000 denários (os dicionários bíblicos mostram que cada denário correspondia a 1 dia de trabalho. Se aceitarmos que hoje um dia de trabalho valha $70,00, 1 talento corresponde a $ 420.000,00. Na parábola dos talentos, Jesus explicitou nosso problema inicial. Jesus disse que o fazendeiro deu a um dos seus servos 5 talentos, a outro, 3 e a outro 1 e partiu. Depois de tempo, ao regressar pediu contas. No julgamento o fazendeiro recompensou o primeiro e o segundo porque haviam multiplicados os talentos e condenou o terceiro porque devolveu somente o que havia recebido. Isto mostra que não é a quantidade de talentos de uma pessoa que o torna exitoso, mas a dedicação, o desenvolvimento e uso adequado dos talentos.
No tempo em que vivemos, o homem de sucesso é aquele que está sempre focado no aprimoramento, sempre aprendendo. Nenhum ser humano é tão sábio que não tenha o que aprender com os menos talentosos e nem tão incapaz que não tenha o que ensinar. A humildade é a ferramenta eficaz para a busca do topo, é necessário despir-se do “sabichão” e dos preconceitos, e colocar-se em condições de aprendiz. As empresas modernas fazem constantes reuniões de “Team Work” (trabalho em equipe) para troca de ideias e oportunidades de passarem conhecimentos uns aos outros, visando o aprimoramento, interação e otimização.
Quando lecionava nas faculdades Hoyler, eu mencionava aos meus alunos um ditado: “Mostre seu talento enquanto os outros não vêm que você está lento”. Eu queria dizer; “Esteja sempre conectado, faça sempre o seu melhor e será recompensado”.
O cristão, em especial, por ser ele um discípulo do Mestre dos mestres e a “luz do mundo, pois seu talento, dado pelo Criador, objetiva salvar vidas”.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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