René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês, defendeu o dualismo, ensino do hinduísmo, mitraismo e também do platonismo, que afirma que o homem se constitui de duas partes: corpo e alma.
O sociólogo e médico Nicholas A. Christakis (1962…) professor da Natureza Humana e Social, Medicina e biomédica da Universidade de Yale afirma que o ensino de Descarte é reducionista e insuficiente por pretender dividir o todo em partes (o homem em matéria e espírito).
Na teologia como em todas as demais ciências o conhecimento é progressivo e infinito, e encanta aos pesquisadores a cada “heureca”. Nos últimos 50 anos os eruditos de diferentes vertentes religiosas têm dirigido maciço ataque e crescente desafio ao dualismo platônico, propondo a filosofia bíblica de que o homem é holístico.
Para eles o homem é constituído de corpo e alma indissociáveis, passível de desenvolvimento, pelo que somos responsabilizados.
Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), teólogo filósofo luterano afirmou que a preservação da vida física como um meio para um fim, e também como um fim em si mesmo é um direito importante.
Enquanto o platonismo ensina que o corpo é uma cadeia que corrompe a alma e é um mal em si mesmo, do qual se deve libertar, Fernando Albano diz que a vida física é preciosa para o homem, não é algo descartável, negociável, mas algo do qual devemos cuidar, porque o homem é corpo, não é apenas alma, ou apenas espírito como alguns acreditam, ele é um ser indivisível.
Fernando Albano, teólogo e filósofo pentecostal da Assembleia de Deus escreveu: “O antigo Testamento compreende o ser humano ‘holisticamente’ e não faz divisões entre corpo e espírito dentro de uma visão integrativa, os textos bíblicos apresentam o ser humano como uma unidade indivisível.
Em vista disso, já não podemos mais sustentar a ideia de que o corpo deve ser tratado de forma irrelevante… descartável… mas como membro humano que o constitui, que o faz ser humano, ser completo”.
O mesmo afirma Padre Leonardo Boff: “O homem é fundamentalmente um composto de duas substâncias em si incompletas: corpo e alma”. Mas formam o homem holístico.
Eu poderia enumerar centenas de teólogos de diversas origens religiosas como Oscar Cullman, Antony A. Hoekema, Samuele Bacchiocchi, Amin A. Rodor, Clark H. Pinnock e muitos outros, todos PHD (doutores da Filosofia) e ou THD (doutores da teologia), porém vamos à fonte, o que diz Deus em Sua Palavra, a Bíblia?
Para S. Paulo a preservação do corpo não é só direito, é obrigação porque é a habitação de Deus (1 Cor. 3:16-17 e 6:15-20). O corpo deve ser racionalmente mantido vivo, santo e agradável a Deus (Romanos 12:1-2).
E quando Jesus voltar ressuscitará o corpo incorruptível (1 Cor. 15:51-54), ao contrário do pensamento tradicional de que a alma vai para o céu ou para o inferno, mas o corpo será destruído.
Diz Gênesis (1:27 e 2:7): “Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente”. O versículo é bem explícito: Deus fez o homem (hebraico Adam) da terra (hebraico adamah); no verso 3:19 diz que quando “Adam” morresse tornaria à terra (adamah).
Então Deus soprou nas narinas do boneco de terra o fôlego de vida (hebraico neshamah); ao morrer o fôlego sai e se mistura com o ar na natureza que pertence a Deus; só então o boneco de terra tornar-se-ia uma alma vivente (nephesh). O termo hebraico “neshamah” refere-se ao sopro de Deus que fez do boneco de barro uma pessoa, ou, ser vivo, “nephesh”. O fôlego de Deus (neshamah) é o mesmo que fez dos animais almas vivas (Gên. 7:21;
Eclesiastes 3:19), logo, não pode ser alma imortal, intelectiva e sobrevivente ao corpo. Enquanto o homem tem o fôlego é uma alma viva. Deus advertiu ao casal recém-criado: não coma do fruto porque no dia que comer morrerá (Gn. 3:3), e nos adverte também: não pequem porque a alma (a pessoa) que pecar morrerá (Ez. 18:4, 20).
O conceito “alma imortal”, embora popular, é antibíblico. Gênesis 3:4-5 diz que a afirmação que a alma não morre é diabólica. Somente Deus é imortal (1 Tim. 6:16). Os homens justificados por Jesus receberão novamente o neshamah (o sopro de Deus) e ressuscitarão. Tomara que você e eu estejamos entre estes!
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.